“Esperamos chegar ao dia 21 de novembro com 100 ou mais observadores, o que quer dizer a uma grande missão. Uma grande missão, comparada com os números de missões anteriores aqui na Venezuela e em outros países”, disse Isabel Santos.
A eurodeputada portuguesa, do PS, falava aos jornalistas em Caracas, onde supervisionava o início de atividades dos observadores europeus, que vão ser mobilizados por 22 estados venezuelanos, em resposta a um convite do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE).
Isabel Santos explicou que durante o período de observação, os observadores vão encontrar-se com todos os atores políticos e com representantes da sociedade civil.
“Com toda a gente daqui, na Venezuela, porque queremos ouvir todos amplamente. Vamos ouvir todos”, frisou a eurodeputada.
Por outro lado, explicou que a UE tem enviado missões eleitorais para diversas partes do mundo e que os observadores “estão muito treinados” para fazer observações e que “o farão muito bem”.
“É uma missão que se desenvolve com a mesma metodologia, com a mesma participação e a mesma forma de trabalhar [de outras missões da UE]. É justo igual, apenas o país é que é diferente”, disse Isabel Santos.
A chefe da MOE da UE explicou ainda que neste momento há desafios comuns em todos os países, “porque estamos a enfrentar uma pandemia [de covid-19] e isso é um repto muito grande, tanto aqui como no Iraque, como no Kosovo, onde temos uma missão neste momento”.
Por outro lado, sublinhou que houve uma mudança na Venezuela, já “que a oposição também participa nas eleições e que, no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), há tanto elementos do partido no poder, como dos partidos de oposição com ampla participação”.
Por outro lado, o observador polaco Łukasz Firmanty explicou à agência Lusa que a MOE da UE é composta por observadores de 23 nacionalidades, que tem uma equipa central que se encontra em Caracas e outros de longo prazo no terreno.
“Estaremos recolhendo toda a informação, observando, para preparar uma declaração preliminar que será divulgada um ou dois dias depois das eleições. Dois meses mais tarde, será divulgado um relatório final, com observações e recomendações para futuras eleições”, disse.
Łukasz Firmanty está na Venezuela pela primeira vez e acredita que a MOE da UE “vai dar mais credibilidade ao processo". E explicou porquê: "Somos imparciais e independentes”.
Por outro lado, Petra Zulovska, observadora da Eslováquia, disse à Lusa que os observadores não podem pronunciar-se sobre as expetativas.
“Vamos fazer o nosso trabalho, que é muito técnico, encontrar-nos com os diferentes interlocutores, desde as autoridades eleitorais, aos partidos políticos, à sociedade civil, e vamos analisar todo o quadro eleitoral a partir dos seus diferentes ângulos”, disse a observadora que estará em La Guaira, a norte de Caracas.
Outro observador, o alemão Thomas Leszke, explicou à Lusa que a MOE vai fazer entrevistas para saber “o que opinam os venezuelanos sobre o processo eleitoral, se acreditam que está bem preparado, se é livre e as liberdades fundamentais são respeitadas”.
“Não podemos intervir de forma alguma no processo eleitoral. Se acontecer alguma coisa que nos pareça interessante. Não podemos agir, não podemos comentar em público. Podemos registar e incluir nos relatórios”, acrescentou.
As próximas eleições regionais e municipais venezuelanas estão marcadas para 21 de novembro e nelas serão eleitos 3.082 candidatos que exercerão funções em 335 municípios, 23 estados e no Distrito Capital.
As eleições regionais e municipais na Venezuela registam tradicionalmente uma alta abstenção e o envio da missão tem lugar depois de a União Europeia ter declinado um convite para estar presente nas legislativas de 2020, por considerar que “não cumpria as condições para um processo eleitoral transparente, inclusivo, livre e justo”.
A campanha eleitoral começou quinta-feira e, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, foram apresentadas 70.244 candidaturas.
A Venezuela tem uma população de 33.192.835 cidadãos, dos quais 21.159.846 estão registados no sistema eleitoral.