“A partir de hoje [sábado] vamos avançar com todos os mecanismos necessários para regularizar e normalizar as comunicações aéreas e marítimas com estas ilhas”, anunciou o vice-presidente da Venezuela, Tareck el Aissami, em declarações em Caracas, junto do ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, Stef Blok.
O vice-presidente venezuelano adiantou que o seu executivo espera avançar de “forma permanente e em estreita monitorização e cumprimento” dos acordos celebrados entre Caracas e Amesterdão no sábado, assim como na procura de uma relação de “respeito, reciprocidade e não ingerência nos assuntos internos”.
“Levantamos, de forma aberta e transparente, todas as dificuldades que surgiram entre os dois países irmãos, dois países vizinhos”, declarou Tareck el Aissami, classificando a reunião com o ministro holandês como “extraordinária e satisfatória”.
Segundo o vice-presidente da Venezuela, citado pela agência Efe, o encontro permitiu ainda abordar “todos os temas de interesse” para começar a trabalhar no fortalecimento das relações bilaterais em matéria comercial, turística, energética e financeira.
Já o ministro holandês destacou que a Venezuela "é um vizinho importante”, salientando igualmente a importância de “se manter sempre um diálogo, inclusivamente em circunstâncias difíceis”.
Stef Blok referiu que os dois governantes acordaram em debater assuntos relacionados com as fronteiras, incluindo o contrabando e a migração, “e restaurar imediatamente as ligações de transporte entre a Venezuela e as ilhas holandesas”.
Caracas espera, também, cooperação para combater o tráfico de droga e de pessoas.
Em 05 de janeiro, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou o encerramento das fronteiras aéreas e marítimas com as Antilhas holandesas de Aruba, Curaçau e Bonaire, “para estabelecer uma reestruturação e uma defesa dos interesses económicos da Venezuela, que são interesses sagrados".
A medida teve lugar depois de várias denúncias sobre o alegado contrabando de cabos de telecomunicações, de eletricidade e outros produtos, desde a Península de Paraguaná (centro norte da Venezuela, o ponto mais perto daquelas ilhas), para aquelas ilhas.
Durante o anúncio o Chefe de Estado explicou que desde há três anos tem "exigido" às autoridades daquelas ilhas que tomem medidas para combater o contrabando de "ouro, ‘coltan’ (um mineral), diamante, cobre e produtos alimentares".
"Eu não queria tomar uma medida como esta, mas estou na disposição inclusive de tomar uma medida mais radical", frisou na ocasião.
A Venezuela encerrou, por várias ocasiões, desde 2014, as fronteiras com a Colômbia e o Brasil, justificando a medida com o contrabando de combustível e de bens de primeira necessidade e, em dezembro de 2016, voltou a fazê-lo para evitar o contrabando de notas, as quais estariam a ser desviadas por máfias que procuravam desestabilizar a economia venezuelana, segundo o Governo.
Na Venezuela são frequentes as queixas da população relativamente às dificuldades em conseguir produtos do cabaz básico alimentar e medicamentos, que escasseiam no mercado local.
LUSA