Num vídeo divulgado pelas redes sociais, Guaidó pediu aos venezuelanos para manterem a unidade de forma a derrotar o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
“A nossa posição sobre este evento tem sido muito firme (…) não há condições para eleições livres e justas na Venezuela”, afirma Guaidó.
Segundo o líder da oposição, “o poder eleitoral na Venezuela não é independente, está sob a tutela da ditadura, os cartões dos partidos políticos e da Unidade (opositora) continuam a sequestrados e as suas ‘siglas’ (acrónimos) entregues a dirigentes cooptados pela ditadura, ou seja, pelos escorpiões”.
Guaidó acusa o Governo de não ter permitido o regresso dos exilados, nem ter libertado os presos políticos e sublinha que “o regime tem total vantagem”, que “encadeia os meios de comunicação social para promover o PSUV (partido do Governo) e faz uso dos recursos públicos”.
“Não há um jogo limpo. Esperamos que as missões de observação (internacional) que se encontram na Venezuela apresentem um relatório que não seja apenas um reflexo desse dia (das eleições), mas que também uma clara imagem dos abusos da ditadura, mas sobretudo da resistência do povo venezuelano” afirma.
O político alerta os venezuelanos que “não podem normalizar a ditadura” porque “isso seria vitimizar a sociedade venezuelana”.
“Respeitamos a decisão dos partidos da Unidade (opositora) que decidiram acudir ao processo (eleitoral) como um instrumento de luta, de organização, de exercício da maioria que somos na Venezuela. Também dos partidos que que não participam, argumentando ausência de condições, mas que continuam exigindo condições, um acordo de salvação nacional e eleições presidenciais”, afirma.
“Se no domingo a sua decisão é participar no evento eleitoral, vamos rejeitar (Nicolás) Maduro, desafiar a ditadura, derrotar os escorpiões”, apela, explicando que têm um grande desafio, o de unificar a luta para resgatar a democracia.
Por outro lado, insta os políticos “a canalizar o grande descontento e frustração” dos venezuelanos e orientá-los, para “sair de Maduro, da ditadura e acabar com esta tragédia (crise)”.
“Tentaram estabelecer um falso dilema, dividir-nos nos nossos mecanismos de luta. Vão tentar medir-nos pela cor do mapa, mas sabemos que na Venezuela há uma luta desigual e injusta, sem condições, que não há gasolina para a população, mas há para o regime, que estamos numa ditadura e que essa é a origem da crise”, declara o opositor.
No entanto, sublinha que não há dilema, mas “a certeza de que Maduro é e continuará a ser ilegítimo, não reconhecido pelo mundo e investigado pela justiça internacional”.
Os venezuelanos vão domingo às urnas para eleger as autoridades que nos próximos quatro anos vão dirigir os 23 estados e os 3.082 candidatos que exercerão funções em 335 municípios do país.
As eleições regionais e municipais da Venezuela são tradicionalmente marcadas por uma alta abstenção, mas as de 21 de novembro têm a particularidade contar com candidatos dos principais partidos da oposição, que no passado apelaram ao boicote dos processos eleitorais, considerando não existirem garantias de transparência.
No terreno, a acompanhar as eleições vão estar, entre outras, missões de observação eleitoral da ONU, do Centro Carter e da União Europeia, que em 2020 declinou um convite para estar presente nas legislativas, por considerar que “não cumpriam as condições para um processo eleitoral transparente, inclusivo, livre e justo”.
Chefiada pela eurodeputada socialista portuguesa Isabel Santos, a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE) foi convidada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, devendo avaliar até que ponto as eleições respeitam os compromissos internacionais e regionais, assim como a lei venezuelana.
Segundo o CNE, foram apresentadas 70.244 candidaturas.
A Venezuela tem uma população de 33.192.835 cidadãos, dos quais 21.159.846 estão registados como eleitores.