O documento, divulgado pela embaixada da Noruega, país facilitador do diálogo entre ambas delegações, explica ainda que o Governo venezuelano e a oposição, manifestaram condenação pelos atos de xenofobia contra a diáspora venezuelana, registados nos últimos dias em Iquique, no Chile.
“As delegações condenam os atos de xenofobia e violência contra as famílias venezuelanas recentemente ocorridos no Chile, que constituem uma violação muito grave dos seus direitos. Também deploram as campanhas de ódio contra homens e mulheres venezuelanos em vários países”, explica o comunicado.
No sábado, segundo a imprensa chilena, umas 5.000 pessoas participaram numa marcha contra a migração irregular, na cidade de Iquique (Chile). Ao finalizar um grupo de manifestantes queimou as carpas e roupas de venezuelanos e outros estrangeiros que pernoitavam nas praias daquela localidade.
O ataque foi questionado por vários organismos internacionais, entre eles a ONU, que manifestou preocupação pela crise migratória e foi inclusive condenado pelo Presidente do Chile, Sebastián Piñera.
"Condenamos categoricamente a agressão brutal que uma turba incontrolada cometeu contra um grupo de migrantes irregulares, estamos a fazer tudo o que é necessário para assegurar que este crime não fique impune", disse Sebastián Piñera numa mensagem em vídeo, em que afirma ainda que as autoridades chilenas estão tentando “por ordem em casa, promovendo uma migração legal, ordenada e segura, que proteja os direitos dos migrantes”.
O Governo venezuelano, presidido por Nicolás Maduro e a oposição venezuelana, retomaram no sábado, um dia depois do previsto, a terceira ronda negociações, no México, sob a mediação da Noruega.
Esta ronda foi a primeira depois de Caracas ter anunciado que o empresário Alex Saab, que está detido em Cabo Verde a aguardar extradição para os EUA, seria integrado como “membro pleno” da delegação que representa o Governo de Nicolás Maduro.
Entre 13 e 16 de agosto, o Governo venezuelano e a oposição realizaram a primeira ronda de negociações no México, que terminou com a assinatura de um entendimento manifestando a intenção de chegar a um acordo sobre "as condições necessárias” para a realização de eleições segundo a Constituição, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais”.
Na segunda ronda de negociações, que decorreu entre 03 e 06 de setembro, foram assinados dois acordos, sobre a defesa da soberania e a libertação de recursos para enfrentar a crise e a pandemia.
Em 14 de setembro, Jorge Rodríguez, em representação do Presidente Nicolás Maduro, anunciou a inclusão do empresário Alex Saab como “membro pleno” da delegação que representa o Governo nas negociações.
Considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, Alex Saab, 49 anos, colombiano, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal.
A detenção ocorreu com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando Saab viajava para o Irão em representação da Venezuela, na qualidade de "enviado especial" e com passaporte diplomático.
Washington pede a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.