“A situação está de novo a complicar-se, economicamente. Em março do ano passado, com a aparição da pandemia, muitos estabelecimentos permaneceram fechados durante alguns meses. Depois, passámos a funcionar em horário restringido e com um programa de sete dias de flexibilização, seguidos de sete dias de confinamento, mas estamos de novo em quarentena radical”, explicou um comerciante à Agência Lusa.
Humberto Martins, proprietário de um pequeno restaurante em Caracas, explicou que mesmo depois de adotar medidas de biossegurança, “a ordem é fechar cedo, pouco depois da hora de almoço”.
As restrições à circulação, mesmo dentro de municípios, têm impedido que alguns trabalhadores cheguem cedo ao trabalho, entre eles Miguel Mosello, um oficial de segurança que vive em El Paraíso (sudoeste) e que ontem não conseguiu apanhar um autocarro, porque em duas horas nenhum passou na sua paragem.
Além disso, explicou “a Guarda Nacional tem impedido as pessoas de circular, colocando barreiras em zonas residenciais”.
A secretária Linnet Gavíria, saiu de Cátia (oeste), para La Campiña (centro-leste) de Caracas e demorou quase três horas para chegar, porque “o autocarro teve que fazer percursos mais longos para contornear as ruas que estavam fechadas ao trânsito”.
Vários comerciantes disseram à Agência Lusa que temiam que o confinamento estrito se prolongue por algumas semanas, porque isso representa novos contratempos económicos.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 143.796 casos da covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020. Há ainda 1.407 mortes associadas ao novo coronavírus e 135.869 pessoas recuperaram da doença.
O país está em estado de alerta desde 12 de fevereiro de 2020 e na semana passada foram detetados 10 casos de pacientes infetados com a variante brasileira.
Em 6 de março último o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e a sua mulher, Cília Flores, receberam a primeira dose da vacina russa Sputnik V contra o novo coronavírus, no âmbito do programa venezuelano de imunização da população.
Todas as atividades públicas estão suspendidas.
A Venezuela recebeu, em 2 de março, meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm contra a covid-19.
Em 13 de fevereiro, recebeu as primeiras 100 mil doses da vacina russa Sputnik-V, que, segundo o Presidente Nicolás Maduro, foram destinadas à população mais vulnerável.
Segundo a imprensa local, a vacinação começou cinco dias depois e, segundo a imprensa local, os idosos foram excluídos.
Segundo a Academia Nacional de Medicina da Venezuela o país necessita de 30 milhões de vacinas para imunizar 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões de maneira prioritária.