“Sei que a sua função e sua missão não é nada fácil, aliás, dos locais mais difíceis que temos na diplomacia portuguesa é precisamente a Venezuela”, disse, no sábado.
Paulo Cafôfo falava em Caracas, na residência do embaixador, durante uma receção à comunidade portuguesa local, no âmbito de uma visita de oito dias à Venezuela, que termina na terça-feira.
“Não é segredo para ninguém as dificuldades que existem e têm existido em termos políticos, mas Portugal e o Governo português tem sabido estar do lado certo e assumir uma posição que é de defesa da nossa comunidade”, explicou o governante.
Paulo Cafôfo sublinhou: “é por isso também que decidimos, com a saída do nosso embaixador (…) Carlos Sousa Amaro, que deveríamos manter um embaixador em Caracas e que este embaixador deveria apresentar as credenciais”.
“E esta razão é muito simples porque a presença do embaixador permite defender a comunidade portuguesa, e esta presença aqui e o facto de ser embaixador em Caracas significa isso: defender os portugueses que residem neste país extraordinário e esta é uma nossa posição clara”, disse.
Paulo Cafôfo desejou que a missão do embaixador seja bem-sucedida. “No meio das dificuldades que sabemos que existem, temos a sorte de ter um diplomata dos mais capacitados e mais bem preparados que temos”, sublinhou.
No início da intervenção, Cafôfo disse que “o Governo português segue com toda a atenção” a comunidade luso-venezuelana, “uma das mais importantes" que Portugal tem no mundo.
“Estamos, em Portugal, no debate do Orçamento de Estado e a Venezuela, a par da África do Sul, são as duas comunidades prioritárias para o Governo e, portanto, isto significa que vão ter que me aturar mais vezes, porque, sendo a Venezuela prioritária, faço questão de aqui vir”, acrescentou o responsável, destacando o modo como é acolhido e tratado.
Por outro lado, explicou que a função de um secretário de Estado das Comunidades “é um pouco uma função de um autarca” e que como foi presidente da Câmara Municipal do Funchal, sabe “bem a importância” da proximidade e de “conhecer a realidade”.
“Porque quem está no gabinete, ou quem só está em Lisboa, não consegue aferir do que passa, principalmente a tantos quilómetros de distância (…) a proximidade é a melhor forma de não só dar valor ao trabalho que fazem, mas também de conhecer os problemas”, disse.
Essa é a “função de proximidade que tenho procurado estabelecer (…) muito importante nos bons momentos, mas principalmente nos maus momentos”, salientou.
O secretário de Estado lembrou as recentes enxurradas em Las Tejerías em que três portugueses faleceram e um outro está desaparecido, frisando estar a acompanhar a situação desde o primeiro momento.
“Estamos a fazer um levantamento das necessidades (…) há pessoas que felizmente estão bem, apesar das suas habitações ou negócios terem sido afetados ou destruídos. É há aqui uma responsabilidade do Governo, que assume, a de procurar ter mecanismos que possam ajudar a recuperar estas vidas, porque o que está aqui em questão é recuperar vidas”, disse.
Cafôfo apelou à comunidade luso-venezuelana “que sempre foi generosa, bondosa, bem-sucedida na vida (…) a colaborar para recuperar os negócios e habitações” dos portugueses afetados.