Numa entrevista divulgada hoje pelo diário venezuelano Últimas Notícias (tido como próximo do chavismo), Iris Varela, que assumiu terça-feira as funções de vice-presidente do parlamento, explica que "a primeira proposta tem a ver com uma resposta oportuna, invocando a justiça que deve ser expedita".
"Que se emitam de imediato mandados de detenção de todas as pessoas que traíram este país (…) inclusive dos que estavam vestidos de ‘rojo-rojito’ (vermelho -vermelhinho, a cor da revolução), mas que foram criando muitas crises", disse.
A segundo proposta de Iris Varela, que até setembro de 2020 exerceu as funções de ministra dos Assuntos Penitenciários, é que se decrete e publique "a confiscação dos bens de todos os que abandonaram o país".
Segundo a deputada "há fazendas que podiam estar bem produtivas" e "se alguém, chame-se como se chame, assumir um bem que está em produção, está obrigado a mantê-lo produzindo e está obrigado a responder pelos bens que lhe entregam em administração".
"Por isso é necessário divulgar os bens apreendidos e a quem são entregues para saber quem responderá perante o país. Aqui há mansões de pessoas que vivem atualmente nos bairros ricos de Espanha. Essas mansões poderiam perfeitamente ser clínicas populares", defende.
Eleita a 6 de dezembro de 2020, Iris Varela, diz que "todo o mundo está à espera" que o novo parlamento atenda o pedido do Presidente Nicolás maduro para radicalizar a democracia e que interpelem o Governo sobre a sua gestão.
A deputada vai mais longe e quer que "seja revogada a nacionalidade venezuelana a todos os que aderiram à "onda de conspiração" pedindo uma invasão militar, porque o que pediram foi guerra e essa guerra gerou mortes".
"Essas pessoas não merecem ter a nacionalidade venezuelana", explica Iris Varela, que se define como um soldado da revolução, e quer ainda que sejam adotadas medidas coontra a "escalada" do dólar na Venezuela e que seja adotada a lei anti-bloqueio.
Sublinha que não devem expor-se as estratégias de defesa perante a "guerra" que os EUA declararam contra o Governo venezuelano desde 2014.
Por outro lado, diz não estar de acordo que a Venezuela aplique a pena de morte ou prisão perpétua, mas concorda com a aplicação do "cumprimento sucessivo de condenações" a assassinos, violadores e narcotraficantes. Também que cada delito seja "purgado" por separado.
Terça-feira, os membros da nova Assembleia Nacional (AN) venezuelana foram empossados numa sessão solene, tendo sido confirmados 256 deputados dos partidos pró-regime, 20 da oposição (desvinculada de Juan Guaidó) e um do Partido Comunista.
Estes deputados foram eleitos nas legislativas realizadas a 06 de dezembro, num escrutínio não reconhecido pela oposição que realizou uma sessão parlamentar em que o líder opositor e autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, jurou que o parlamento liderado pela oposição continuaria em funções.
Desde janeiro de 2020, a Venezuela tem dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Guaidó, e um pró-regime do Presidente Nicolas Maduro, presidido pelo ex-ministro de Comunicação e Informação e ex-reitor do Conselho Nacional Eleitoral, Jorge Rodríguez.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.