Num evento na terça-feira em Miami – perante uma plateia de eleitores latinos – Trump disse que Harris era “preguiçosa como o inferno” por ter faltado a um evento de campanha, ignorando que a também vice-presidente estava a gravar entrevistas televisivas em Washington.
Trump também se dirigiu a Kamala Harris como sendo “lenta” e tendo um “QI [quoficiente de inteligência] baixo”.
Mais tarde, nesse dia, durante um comício em Greensboro, na Carolina do Norte, Trump chamou Harris de “pessoa estúpida” e perguntou: “Ela bebe? Ela está drogada?”.
No entanto, Trump sinalizou que se esforçará mais por não se referir a Harris durante as duas semanas restantes antes do dia das eleições, 5 de novembro, apesar do apelo dos aliados que sugeriram repetidamente que o candidato republicano deveria evitar ataques pessoais, incluindo referências à sua etnia e género.
Trump, contudo, por várias vezes que tem dado a entender que Harris, ex-procuradora-geral da Califórnia e senadora dos EUA, se tornou a candidata democrata por causa da sua etnia e género.
“Ela é candidata porque eles querem ser politicamente corretos”, argumentou Trump.
Ainda assim, o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, disse que as críticas do ex-presidente “não têm nada a ver com a sua etnia ou género”.
Trump tem questionado a ética de trabalho de vários opositores ao longo da sua carreira: em 2020, em plena pandemia de covid-19, acusou o então candidato democrata Joe Biden de fazer campanha a partir da sua cave, mesmo quando Trump continuava a realizar grandes eventos públicos; e em 2016 acusou a democrata Hillary Clinton de ser fisicamente fraca e com pouca energia.
Antes disso, o Governo federal processou Trump por alegadamente discriminar os negros que procuravam apartamentos na década de 1970.
Na década de 1980, Trump comprou um anúncio de página inteira no New York Times a pedir o restabelecimento da pena de morte depois de cinco adolescentes negros e latinos, conhecidos por os “Central Park Five”, terem sido acusados de violar e espancar uma cidadã branca em Nova Iorque.
Usar o termo “preguiçosa” para descrever Harris – que é negra e descendentes de familiares do sul da Ásia – evoca designações estereotipadas que são usadas negativamente contra afro-americanos, classificando-os como preguiçosos, pouco sofisticados, submissos ou inaptos.
Em vários dos seus ataques pessoais contra Harris, incluindo a referência ao consumo de álcool, Trump parece estar a referir-se a falsidades ou alegações infundadas que se espalharam nas redes sociais de grupos de extrema-direita.
Lusa