“A tendência no mundo para a multipolaridade é inevitável e só se intensificará”, declarou Putin numa reunião por videoconferência do Conselho para o Desenvolvimento do Autogoverno Local.
Segundo o líder do Kremlin, “quem que não entender isto e não seguir esta tendência vai perder”.
“Este é um facto absolutamente óbvio. É tão óbvio como o nascer do sol. Não se pode fazer nada em relação a isso, e aqueles que tentarem impedi-lo só enfrentarão mais problemas – e já têm os suficientes”, observou.
A Rússia refere no seu novo conceito de política externa, recentemente apresentado em diversas ocasiões, o seu apego à ideia de um mundo multipolar, contra a “hegemonia” do Ocidente, em particular dos Estados Unidos.
Em concreto, afirma que não se considera uma inimiga do Ocidente, não se isola dele, não tem intenções hostis em relação a ele e espera que, no futuro, os Estados ocidentais se deem conta da inutilidade da sua política de confrontação e das suas ambições hegemónicas, tenham em conta as realidades complexas de um mundo multipolar e regressem a uma interação pragmática com a Rússia.
Foi, alegadamente, devido ao medo de Putin dessa “hegemonia” do Ocidente – que poderia incluir a adesão da sua vizinha Ucrânia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) e à União Europeia – que a Rússia concentrou durante meses tropas ao longo da sua fronteira com território ucraniano, afirmando tratar-se de manobras militares havia muito agendadas, e acabou por invadir o país a 24 de fevereiro do ano passado e travar uma guerra de ocupação ainda em curso, mais de um ano depois.
Essa guerra de agressão a um Estado soberano e à sua integridade territorial, que viola normas de direito internacional consagradas na Carta das Nações Unidas e que não tem poupado infraestruturas e vidas civis, levou o Ocidente a impor sanções a Moscovo e a enviar regularmente ajuda militar, financeira e humanitária para a Ucrânia.
Levou ainda o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir um mandado de captura por crimes de guerra para o chefe de Estado russo.
Lusa