Com base na mais recente sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, as intenções de voto dos portugueses traduzem-se num resultado eleitoral que dá a maioria parlamentar aos partidos de direita, com vitória para a Aliança Democrática. No entanto, a coligação liderada por Luís Montenegro não alcança maioria absoluta sozinha e irá necessitar de se aliar pelo menos ao Chega para obter o número necessário de mandatos. Destaque ainda, neste inquérito, para o elevado número de indecisos em várias categorias demográficas, isto quando faltam menos de duas semanas para as eleições legislativas.
A sondagem divulgada hoje recorre às estimativas eleitorais para distribuir os mandatos da Assembleia da República aos vários partidos. Segundo estas estimativas, haverá uma maioria parlamentar de direita após as eleições de 10 de março, ainda que a Aliança Democrática fique distante de atingir sozinha a maioria absoluta.Na melhor das hipóteses, a coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM tem entre 86 e 96 deputados. Num eventual acordo pós-eleitoral para assegurar a maioria absoluta no Parlamento, apenas o Chega serve à AD.
A sondagem da Católica estima que a Aliança Democrática pode ter entre 86 a 96 mandatos. O PS alcança entre 69 a 79 deputados, enquanto o Chega pode ter entre 33 e 41 deputados. Seguem-se a Iniciativa Liberal (entre 6 e 10 deputados), o Bloco de Esquerda (entre 5 e 7 mandatos) e o Livre (entre 3 e 4 deputados). Por fim, a CDU pode alcançar entre 3 e 7 mandatos e o PAN elege 2 deputados.
Mesmo com o melhor resultado possível de Aliança Democrática e Iniciativa Liberal (num total de 106 deputados), os dois partidos não conseguem alcançar a maioria necessária, tendo o Parlamento um total de 230 deputados.Por outro lado, o pior resultado estimado por esta sondagem para AD e Chega (119 deputados no total) é mais do que suficiente para assegurar essa maioria.
Segundo a intenção direta de voto desta sondagem, 20 por cento dos inquiridos não sabe em quem irá votar. São mais 3 por cento do que no inquérito anterior.
Na caracterização sociodemográfica do voto (por sexo, idade e nível de escolaridade), destaca-se nesta sondagem, em vários quadrantes, o elevado número de indecisos que ainda não sabe como votaria.Por exemplo, com base neste inquérito, o voto das mulheres distribui-se entre Aliança Democrática (24%) e Partido Socialista (22%), mas a percentagem de quem “não sabe” em quem irá votar sobrepõe-se à de qualquer partido (26%).A maioria dos votos dos homens vai para a AD (25%), com o PS e o Chega a surgirem empatados (19%). Há 12 por cento de inquiridos do sexo masculino que não sabem em quem irão votar.
Na divisão pelas várias faixas etárias, os mais jovens (entre os 18 e os 34 anos) preveem votar na Aliança Democrática (24%), Seguem-se o Chega (18%), Iniciativa Liberal (10%) e só depois Partido Socialista (8%). Há no entanto uma elevada percentagem (21%) que “não sabe”, o que fica à frente dos números de Chega, IL e PS.
Verifica-se praticamente o mesmo resultado para a faixa etária entre os 35 e os 64 anos. A maioria vota na AD (24%), mas há 23% dos inquiridos entre estas idades que não sabe como irá votar. De seguida, PS e Chega são os que recolhem mais intenções de voto (19 e 14%, respetivamente).
Por fim, entre os eleitores acima dos 65 anos, o PS assegura a vantagem, com 32% de intenção de voto. Segue-se a AD com 27% dos votos e só depois os indecisos (13% dos votos). O Chega alcança 8%.
Em relação ao nível de escolaridade, o PS ganha entre os eleitores que têm até ao 3º ciclo (27% votaria PS). Destes inquiridos, 22% expressou preferência de voto na AD e 18% assume que não sabe em quem votaria.
Entre os inquiridos que têm o ensino secundário, a AD leva vantagem (24%), seguida de perto pelo número de indecisos (23%). O PS obteria 19% logo seguido pelo Chega, com 14%.
Na categoria de inquiridos com formação no ensino superior, a grande maioria opta pela Aliança Democrática (29%). Há ainda 20% que não sabe como vota e 17% destes eleitores inquiridos afirmaram votar no PS. O terceiro partido mais votado desta categoria é a Iniciativa Liberal (8%).
À esquerda, o voto no BE mantém-se (49%) ou transita para o PS (16%) ou Livre (12%). Já o voto dos inquiridos na CDU mantém-se na CDU (51%) ou passa para o PS (13%).
Os inquiridos que votaram no PAN afirmam manter o voto (33%) mas assumem, em igual número, entregar o seu voto à AD (33%). Por fim, os inquiridos que votaram no Livre em 2022 pretendem manter o seu voto este ano (64%), mas há ainda muitos indecisos (19%).
Por fim, dos inquiridos que não votaram em 2022, a grande maioria não sabe em quem deverá votar este ano (28%) ou irá entregar o seu voto à Aliança Democrática (23%) ou ao Chega (20%).
Quanto à probabilidade de voto em vários partidos, é notória a linha que divide a esquerda e a direita. Quem votou PS em 2022 deverá votar PS de novo (41%) e considera “nada provável” votar Chega ou IL ou CDU.
Já quem votou PSD/CDS deverá votar AD (54%) e considera nada provável votar CDU, BE, Livre, PAN ou PS.
Entre os inquiridos que pretendem votar mas ainda estão indecisos, admite-se que o voto poderá ir para PS ou AD, os dois partidos com percentagens mais elevadas nas categorias “provável” ou “muito provável”.
Ficha Técnica:
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 22 e 26 de fevereiro de 2024. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1207 inquéritos válidos, sendo 43% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 22% do Centro, 32% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 3% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base nos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 43%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1207 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.
*Foram contactadas 2815 pessoas. De entre estas, 1207 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário.