A FNAM lamenta em comunicado que a reunião negocial que estava marcada para as 11:00 no Ministério da Saúde, em Lisboa, tenha sido cancelada a 11 dias do fim das negociações, e alerta que a greve anunciada para os dias 05 e 06 de julho “é cada vez mais uma inevitabilidade, face à incapacidade do Ministro da Saúde em responder aos apelos dos médicos e dos seus doentes”.
“O Ministério da Saúde cancelou a reunião negocial prevista para o dia 20 de junho, a poucas horas de a mesma se realizar. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vê com estranheza, e mesmo alguma ‘tristeza’, este cancelamento, a menos de duas semanas da data limite do protocolo negocial”, afirma a federação de sindicatos no comunicado.
A FNAM adianta que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, manifestou “estranheza e até tristeza” com o anúncio da greve de 5 e 6 de julho, por parte dos médicos, “mas nada fez para o evitar”.
“Em 14 meses de negociações e 17 reuniões negociais, não apresentou nem uma proposta concreta de atualização das grelhas salariais ou de um muito propagandeado e muito vago regime de dedicação para os médicos. Agora, vem cancelar mais uma reunião negocial”, lamenta.
Para a FNAM, “o histórico de cancelamento de reuniões e a falta de propostas revelam algum amadorismo por parte do Ministro da Saúde em relação aos seus parceiros sociais” e adverte que, “num momento em que se agudiza a falta de médicos nos centros de saúde e nos serviços de urgência, esta atitude demonstra uma clara fragilidade e falta de capacidade política em resolver os problemas”.
“Em vez de negociar, o Ministro da Saúde prefere encerrar serviços, numa medida cosmética para evitar revelar o inevitável: que a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde é da sua responsabilidade”, conclui a FNAM.
As negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.
Em cima da mesa estão, assim, as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.
No início de março, os médicos realizaram uma greve de dois dias para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, convocada pelos sindicatos que integram a FNAM, mas que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que se demarcou do protesto, alegando que não se justificava enquanto decorrem negociações.
Lusa