“Apelamos para eleições livres, para que Maduro compreenda que o seu tempo acabou, porque não pode ignorar a vontade do povo e a Assembleia Nacional tem de ser respeitada”, disse o ministro à Lusa.
Santos Silva acrescentou “subscrever inteiramente” a declaração da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, “preparada entre Estados-membros”, renovando o “apelo para que não haja violência e que seja plenamente respeitada a vontade inequivocamente manifestada hoje [quarta-feira] pelo povo venezuelano para a realização de eleições livres e justas”.
“Seguirão outras tomadas de posição”, disse, frisando que Portugal, como a UE, acompanha minuto a minuto o que se passa no país.
O ministro, que falou à Lusa depois de aterrar em Lisboa vindo de Madrid, frisou a importância de a Venezuela “realizar eleições livres e justas” e de “todos os poderes da Assembleia Nacional serem restaurados e respeitados”.
Horas depois de o presidente do parlamento da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino, Santos Silva frisou também que “a segurança de Guaidó é essencial” e voltou a apelar a que “não haja violência”.
“Do ponto vista de Portugal, a preocupação é com a segurança da comunidade” portuguesa e lusodescendente naquele país, frisou, acrescentando que não tem notícia de que portugueses estejam em perigo, mas que “a situação é de preocupação”.
“Acabei de aterrar, mas a última informação que tenho, de há hora e meia, é felizmente de que não há nenhum reporte” de problemas com a comunidade portuguesa e lusodescendente.
“Não é possível resolver a crise venezuelana ignorando-a”, sublinhou, frisando que os milhares de manifestantes de quarta-feira em Caracas “não são braços armados do capitalismo”.
Minutos antes de falar com a Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros divulgou uma mensagem na rede social Twitter afirmando que “Portugal apoia integralmente a declaração da Alta Representante em nome de toda a UE” e renovando “o apelo para que não haja violência e que seja plenamente respeitada a vontade inequivocamente manifestada hoje pelo povo venezuelano para a realização de eleições livres e justas”.
Federica Mogherini, Alta Representante para a Política Externa da UE, declarou quarta-feira à noite que a UE “apoia plenamente” a Assembleia Nacional da Venezuela, cujo líder se autoproclamou hoje Presidente interino do país, e pede a realização de “eleições livres e credíveis”.
Em comunicado, Mogherini salienta que “a UE apoia plenamente a Assembleia Nacional como instituição democraticamente eleita”, argumentando que “os poderes devem ser restaurados e respeitados”.
“Os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo os do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser reconhecidos e totalmente respeitados”, frisa a responsável, sublinhando que o povo venezuelano pediu “maciçamente a democracia e a possibilidade de traçar livremente o seu próprio destino”.
“E essas vozes não podem ser ignoradas”, afirmou Mogherini.
O líder do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamou-se quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou.
Para Juan Guaidó, "não se trata de fazer nada paralelo", já que tem “o apoio da gente nas ruas".
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
México, Bolívia e Cuba anunciaram que se mantêm ao lado de Nicolás Maduro.
A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
C/ LUSA