A Rússia ainda não assumiu totalmente o controle do espaço aéreo ucraniano, disse o alto funcionário dos EUA.
"A defesa aérea da Ucrânia ainda está ativa, embora tenha sido danificada por ataques aéreos russos. (…) Ainda têm defesa antimísseis e (…) ainda têm aviões que negam acesso (ao espaço aéreo ucraniano) a aviões russos", informou a mesma fonte.
Além disso, as capacidades de "comando e controlo" do exército ucraniano, que permitem a coordenação de operações militares ao mais alto nível, "estão intactas", observou o funcionário do Pentágono.
"Acreditamos que, nas últimas 24 horas, os russos perderam um pouco do seu ímpeto", disse o alto funcionário, explicando que as Forças Armadas russas encontraram "mais resistência do que a que esperavam".
Contudo, o funcionário do Pentágono destacou que a Rússia deslocou para a Ucrânia apenas um terço das forças que acumulou nas últimas semanas nas fronteiras deste país e que o objetivo de Moscovo de tomar Kiev para instalar um regime pró-russo não se alterou.
"A situação pode mudar. Pode mudar muito rapidamente. Eles têm muito poder de fogo à sua disposição", disse a mesma fonte.
Até agora, a Rússia avançou no território ucraniano ao longo de três eixos: no sul da Crimeia até à cidade de Kherson, através do Dnieper; no norte da Bielorrússia até Kiev, ao longo de duas rotas para nordeste e noroeste da capital ucraniana; e no leste da cidade russa de Belgorod até à principal cidade industrial de Kharkiv, segundo estimativas do Pentágono.
Embora as forças russas tenham chegado aos arredores de Kiev, ainda não chegaram ao centro da cidade.
A cidade de Kharkiv também ainda não caiu nas mãos do Exército russo e os intensos combates continuam nesta área, disse o funcionário do Pentágono.
A sul, a ofensiva contra Kherson continua, mas alargou-se para oeste, com o desembarque de vários milhares de soldados russos no Mar de Azov e no Mar Negro, em direção à cidade de Mariupol, segundo o Pentágono.
Hoje, unidades de infantaria da Marinha russa lançaram uma ofensiva a oeste da cidade de Mariupol, nas margens do Mar de Azov, na região separatista de Donetsk, disse a fonte do Pentágono, referindo-se a um "ataque anfíbio" com milhares de fuzileiros navais.
As forças russas também estão a tentar assumir o controlo de uma importante fábrica de Kakhovka, a noroeste de Kherson, onde os combates continuam.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.