"Eu tenho vindo a acompanhar as principais questões da Região Autónoma da Madeira, mas com a conversa que tivemos consigo ter uma noção mais exata sobre as diversas questões. Haverá mais problemas, mas aqueles que são mais relevantes foram relatados e com os quais estou de acordo com a componente de injustiça que aqui possa haver e tratamento desigual", afirmou Rui Rio, na conferência de imprensa de balanço da reunião que manteve com o líder do Governo Regional (PSD), Miguel Albuquerque, na Quinta Vigia, no Funchal.
Durante o encontro, Rui Rio e Miguel Albuquerque abordaram várias questões, como as taxas de juros pagas pela região autónoma, a mobilidade social aérea, os atrasos e cancelamentos da TAP e a construção do novo hospital.
Rui Rio admitiu poder haver a intenção do Governo da República, chefiado por António Costa (PS), em não resolver os problemas agora, para fazer com que o partido ganhe as próximas eleições legislativas regionais na Madeira, agendadas para o próximo ano.
"Há matérias que objetivamente poderão não ser assim, mas há outras matérias que objetivamente se pode ler como um retardar, para não permitir algo de positivo à Região Autónoma da Madeira, no momento em que ela é governada não por aquele partido que o primeiro-ministro quer que ganhe as próximas eleições [legislativas regionais]", reconheceu.
Relativamente à taxa de juro que a Madeira paga ao Estado pelo empréstimo que contraiu para o seu saneamento financeiro, Rio reconhece haver "um diferencial" comparativamente às taxas pagas pelo Estado nos empréstimos que contrai, comportando-se "como se fosse um banco" e sobrecarregando "os cidadãos portugueses da Madeira mais do que aquilo que sobrecarrega os cidadãos portugueses no continente".
Sobre a taxa de juro, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, sublinhou que se a mesma for revista [a região paga uma taxa de 3.335% e o Estado, pelo empréstimo da ‘troika’ 2,5%], até 2040 a região pagaria 402 milhões de juros em vez dos atuais 540 milhões de euros.
Quanto ao Subsídio de Mobilidade Aérea entre a Madeira e o continente, Rui Rio diz ser uma "questão muito simples de resolver porque não tem rigorosamente nada a ver com a despesa pública, tem apenas a ver com uma questão de tesouraria, ou seja, quem tem de adiantar o dinheiro é a entidade pública ou as famílias".
No que diz respeito ao serviço prestado pela TAP, nomeadamente os cancelamentos e os preços praticados, Rio reconhece que esta não é uma questão exclusiva da Madeira, mas, realça, ser "particularmente grave" para a região por não ter alternativas.
Rui Rio considera que se o Estado tem 50% do capital da TAP, então, tem de cumprir o respetivo serviço público para com as regiões autónomas.
Criticou igualmente que as tarifas para a Madeira e Porto Santo sejam "muitíssimo" mais caras do que os voos que a TAP faz para outras partes do mundo.
O líder do PSD pronunciou-se ainda sobre a construção do novo hospital: "É uma reivindicação justa ter um hospital com qualidade e capacidade de resposta aos problemas dos madeirenses, mas também aos problemas dos turistas que aqui vêm".
No âmbito da sua visita à Madeira, Rui Rio vai visitar o Centro Internacional de Negócios da Madeira e tem um jantar com dirigentes do PSD/Madeira. No sábado tem um encontro com o CEN e no domingo participa na festa dos sociais-democratas madeirenses no Chão da Lagoa.
LUSA