Os boletins de voto, que deviam ter sido enviados no início desta semana para cerca de 180 mil membros conservadores, servirão para selecionar o próximo líder do partido e do país.
O Partido Conservador decidiu, porém, “reforçar a segurança” e seguir o conselho do Centro Nacional de Ciber-Segurança, da agência de espionagem eletrónica do Reino Unido, Government Communications Headquarters – GCH.
Era intenção do partido permitir aos seus membros o voto ‘online’ ou por correio, podendo estes alterar em quem tinham votado até ao encerramento das urnas no dia 2 de setembro.
Os ‘tories’ dizem agora que cada membro receberá um código único e inalterável até ao dia 11 de agosto.
O Centro Nacional de Ciber-Segurança, que deu "conselhos ao Partido Conservador sobre a segurança da votação ‘online’”, motivou alterações para responder a preocupações relativas à vulnerabilidade a ‘hackers’ e não a uma ameaça específica vinda de um grupo ou Estado, adiantou o jornal Daily Telegraph.
Um especialista do grupo de defesa Royal United Services Institute, Jamie MacColl, disse ser improvável que a Rússia tente interferir diretamente nas eleições à liderança do partido, uma vez que o resultado não iria alterar a política britânica e que ambos os candidatos são fortes apoiantes da Ucrânia, invadida pelos russos a 24 de fevereiro.
Ainda assim, segundo MacColl, há a possibilidade de as eleições serem atacadas por “alguém que apenas queira causar um pouco de caos”.
Cabe agora aos membros conservadores escolherem entre a secretária dos Negócios Estrangeiros, Elizabeth Truss, e o antigo chefe do Tesouro, Rishi Sunak, para substituir o primeiro-ministro Boris Johnson, que se demitiu do cargo em julho, depois de estar envolvido em vários escândalos.
O vencedor será anunciado a 5 de setembro e tornar-se-á automaticamente primeiro-ministro, enfrentando os eleitores apenas nas próximas eleições gerais, previstas para 2024.
Os apoiantes de Sunak esperam que este atraso nas eleições possa dar tempo ao político para ultrapassar a lacuna que o separa da adversária Truss, que lidera as sondagens e já conta com o apoio declarado de vários ministros.
Sunak, que concorre enquanto um experiente ministro que poderá guiar o país pela turbulência económica advinda da pandemia e agora impulsionada pela guerra na Ucrânia, acusa Truss de vender “contos de fadas” aos britânicos, com promessas de cortar os impostos dentro de semanas depois da tomada de posse.
No entanto, o antigo chefe do Tesouro enfrenta alguma hostilidade do lado dos conservadores, depois de se ter demitido no mês passado, quando o Governo se afundava em polémicas éticas.
Em julho, foram mais de 50 ministros britânicos a demitirem-se, o que levou inevitavelmente à demissão do próprio Boris Johnson.