"O chefe da Comissão de Investigação entregou-me um relatório há alguns dias. Foram encontrados nos corpos das vítimas do desastre aéreo fragmentos de granadas”, afirmou Vladimir Putin, durante um evento do Clube Valdai, um fórum internacional anual de discussão pró-russo fundado em 2004, realizado hoje na Rússia.
O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu em 23 de agosto, depois do jato particular que o transportava de Moscovo para São Petersburgo se ter despenhado.
Na aeronave seguiam também outros membros da cúpula do Grupo Wagner.
Tanto a Ucrânia (país alvo de uma invasão russa desde fevereiro de 2022) como o Ocidente suspeitam que a queda da aeronave não foi um acidente, mas sim um atentado, uma tese negada por Moscovo.
As autoridades russas que estão a investigar este acidente ainda não revelaram se estão mais inclinadas para a tese de assassinato, problema técnico ou erro humano, sabendo-se apenas que a única investigação que foi até agora feita diz respeito a possíveis violações das regras de segurança do voo.
Os homens do Grupo Wagner estiveram na linha da frente dos combates no leste da Ucrânia, incluindo a batalha pela cidade de Bakhmut, capturada pelas forças russas em maio, após quase um ano de combates sangrentos.
Depois da queda de Bakhmut e de uma tensão crescente com o ministro da Defesa e com a chefia do exército da Rússia, Prigozhin liderou uma rebelião no final de junho, com operacionais do Grupo Wagner a conduzirem uma marcha em direção a Moscovo com o objetivo de afastar as lideranças militares russas.
A rebelião seria um fracasso e foi travada pela mediação de Alexander Lukashenko, aliado de Putin e Presidente da Bielorrússia, para onde parte do Grupo Wagner se deslocou, antes da morte de Prigozhin e de homens da cúpula da empresa paramilitar num desastre aéreo, em 23 de agosto.
Após a rebelião do Grupo Wagner, Putin deu aos combatentes de Prigozhin a opção de se juntarem ao exército regular, de se exilarem na Bielorrússia ou de regressarem à vida civil.
Segundo Putin, foram "vários milhares de combatentes" do Wagner que assinaram contratos de compromisso com o Ministério da Defesa.
Lusa