“Como se diz, comprávamos muitas tecnologias críticas na loja de outra pessoa, numa espécie de supermercado de soluções prontas para usar, e num momento a porta fechou-se hermeticamente para nós e surgiu na porta o cartaz ‘fechado’”, afirmou Putin no primeiro Fórum de Tecnologias do Futuro.
“Aprendemos as lições e extraímos as conclusões necessárias. O Governo, as empresas públicas e privadas fizerem muito para alterar esse estado de coisas”, acrescentou.
Putin indicou que o ocidente procurou debilitar a segurança da Rússia ao impor a sua dependência face à tecnologia estrangeira.
“Sejamos francos, isso é o que pretendem alguns países quando, por qualquer meio, tentaram colocar literalmente o nosso país em plataformas e padrões tecnológicos estrangeiros. E devo admiti-lo, não sem êxito”, disse.
Putin disse que ocorreu uma situação similar em 2014, após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, quando o ocidente impôs a primeira vaga de sanções, que a Rússia encarou como uma oportunidade para o seu próprio desenvolvimento em algumas áreas, incluindo a agricultura.
“Hoje, processos positivos similares estão a registar impulso na indústria e na tecnologia. Entendemos que nas atuais condições o principal para definir o desenvolvimento é concentrar esforços nas tarefas prioritárias”, assinalou Putin.
O líder do Kremlin considerou que de início é necessário centrarem-se nas áreas onde a Rússia já possui tecnologias e produtos de nível global, como a energia nuclear e a inteligência artificial.
Em segundo lugar, segundo o chefe de Estado, o país deve focar-se nas áreas que são críticas para o seu desenvolvimento e onde a Rússia deve possuir as suas próprias competências.
Em simultâneo, “devemos possuir não apenas desenvolvimentos científicos e soluções básicas, mas também toda a cadeia tecnológica e de produção, o nosso próprio equipamento, base de elementos, ‘software’”, acrescentou.
Putin admitiu ainda que a necessidade de recursos informáticos é cada vez maior, sendo necessário “desenvencilhar” a indústria microeletrónica da Rússia para criar soluções próprias e impulsionar o desenvolvimento de grandes modelos de redes neuronais para a inteligência artificial.
O líder russo também frisou que o desenvolvimento das tecnologias críticas no futuro irá determinar a configuração das economias nacionais e o mapa do mundo no seu conjunto.
Nesse sentido, propôs o início de um novo projeto nacional para a formação de uma “economia de dados” até 2030.
Lusa