A assinatura do decreto ocorre quando se assinalam mil dias da ofensiva russa contra a Ucrânia. O “documento de planeamento estratégico” inclui a “posição oficial sobre a dissuasão nuclear”, “define os perigos e ameaças militares contra os quais se pode atuar com dissuasão nuclear” e garante uma resposta à “agressão” de “um potencial inimigo”, quer contra a Rússia, quer “contra os seus aliados”.
O decreto, publicado no portal de documentos legais das autoridades russas, visa “melhorar a política estatal no domínio da dissuasão nuclear” e contempla a sua entrada em vigor a partir da mesma assinatura de Putin.
“Entre as condições que justificam o uso de armas nucleares está o lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia”, segundo o decreto.
“Foi necessário adaptar os nossos fundamentos à situação atual”, explicou hoje o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, diante do que Putin considera serem “ameaças” realizadas pelo Ocidente contra a segurança da Rússia.
Putin advertiu, no final de setembro, que o seu país já poderia usar armas nucleares no caso de um “lançamento massivo” de ataques aéreos contra a Rússia e que qualquer ataque realizado por um país não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atómicas, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão “conjunta”, exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.
Num contexto de intensificação dos ataques mortíferos e destrutivos das tropas de Moscovo na Ucrânia, o Presidente norte-americano, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a atacar o território russo com mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos, divulgou a imprensa norte-americana no domingo.
Os mísseis norte-americanos, com um alcance máximo de várias centenas de quilómetros, permitirão à Ucrânia atingir os locais de logística do exército russo e os aeródromos de onde descolam os bombardeiros.
Os mísseis ATACMS fornecidos pelos Estados Unidos deveriam ser inicialmente utilizados na região fronteiriça russa de Kursk, onde soldados norte-coreanos foram destacados para apoiar as tropas russas, segundo a imprensa dos Estados Unidos, citando funcionários norte-americanos que falaram sob anonimato.
A decisão de Washington de autorizar a Ucrânia a utilizar estes mísseis foi uma reação à presença do destacamento de tropas norte-coreanas, segundo as mesmas fontes.
Desde o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, Putin tem falado sobre a possível utilização de armas nucleares.
A Rússia enviou armas nucleares táticas no verão de 2023 para a Bielorrússia, o seu aliado mais próximo, que também anunciou em maio um exercício sincronizado com Moscovo para verificar os seus lançadores de armas nucleares táticas.