A Assembleia Municipal do Funchal esteve hoje interrompida durante duas horas depois de o PSD (oposição) ter requerido a sua suspensão, alegando que o presidente da autarquia, Paulo Cafôfo, não se encontrava presente por estar em "campanha eleitoral".
O deputado municipal social-democrata João Paulo Marques considerou que "o presidente da Câmara escolhe as reuniões em que quer participar" e afirmou que, neste caso, "foi para Jersey fazer campanha eleitoral".
Paulo Cafôfo, eleito pela coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!), encontra-se em Saint Helier, capital da ilha de Jersey, no Reino Unido, para acompanhar as comemorações dos 20 anos de geminação entre aquela cidade e o Funchal e pediu para o vice-presidente, Miguel Gouveia, o substituir na reunião da Assembleia Municipal.
O PSD protestou e foi apoiado pelos deputados do PTP e do MPT, pelo que o presidente da mesa, o social-democrata Mário Rodrigues, decidiu interromper a sessão e convocar uma reunião de líderes, mas estes não chegaram ao consenso.
A proposta do PSD foi então posta à votação e acabou rejeitada com os votos contra da coligação Confiança, do CDS-PP e da CDU, num órgão em que a oposição está em maioria, embora o executivo municipal seja liderado com maioria absoluta (seis vereadores da coligação, quatro do PSD e um do CDS-PP).
Os partidos que votaram a favor da suspensão vincaram, no entanto, que Paulo Cafôfo se "demitiu" das responsabilidades camarárias para se dedicar à campanha eleitoral para o cargo de presidente do Governo Regional, nas eleições legislativas de 2019, ao qual já anunciou que é candidato.
A reunião prossegui depois e, dada a extensa ordem de trabalhos, as previsões apontam para que se prolongue até à próxima semana.
"Hoje de manhã, vivemos mais um episódio infeliz na Assembleia Municipal do Funchal, onde, mais uma vez, o PSD optou por inventar factos políticos e relevar o acessório, de modo a atrasar, durante duas horas, o começo de uma sessão da assembleia, obstaculizando quem efetivamente quer trabalhar pelo desenvolvimento da cidade do Funchal", afirmou Miguel Gouveia.
O vice-presidente recordou, por outro lado, que quando o atual presidente do Governo Regional, o social-democrata Miguel Albuquerque, era chefe do executivo municipal do Funchal, fazia-se representar regularmente, sem que então fosse dada sequer qualquer justificação para o efeito.
"É inaceitável, portanto, que estando a Assembleia com todas as condições para trabalhar, com uma ordem de trabalhos extensa, de dez pontos, o PSD opte por criar um facto político onde ele não existe e atrase todo o trabalho que há para fazer", sublinhou.
C/LUSA