“Definitivamente, celebrar o 25 de Novembro não é estar contra o 25 de Abril”, declarou o deputado social-democrata Carlos Rodrigues no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, numa intervenção que assumiu “não ser politicamente correta”.
No dia 25 de novembro de 1975, um dispositivo militar, com base no regimento de comandos, sob a direção do então tenente-coronel Ramalho Eanes, opunha-se, com êxito, à tentativa de sublevação de unidade militares e ocupação de meios de comunicação social efetuada por elementos conotados com setores da extrema esquerda.
O parlamentar falou do percurso histórico e deste período entre 1974 e 1975, salientando que, nessa altura “o país não podia estar mais dividido” e que com o “25 de Novembro foi possível começar a concretizar os sonhos de Abril: democracia, liberdade e progresso”.
Carlos Rodrigues sublinhou que “o 25 Novembro foi crucial” para os arquipélagos da Madeira e Açores porque conseguiram ver consagrada na Constituição “a fundamental e ansiada autonomia regional”.
“Muito foi feito desde então do ponto de vista material, na qualidade de vida, do desenvolvimento e progresso, evoluímos muito”, afirmou, argumentando que “as duas regiões mais atrasadas do país aproximaram-se dos padrões nacionais e europeus”.
Contudo, considerou que “falta alterar e clarificar diversos aspetos que levam a constantes violações e agressões dos direitos dos madeirenses e açorianos por parte do poder central, seja executivo, legislativo ou judicial”.
“Aqueles que já na altura eram minoritários, teimam em impor a sua votante, mesmo sem legitimidade democrática e mandato popular para o fazer”, referiu.
O parlamentar social-democrata enfatizou que “muitos há que sonham em impor uma sociedade de pensamento único, que apenas aceite o pensamento político da esquerda, mas que se situam no centro e na direita, sendo considerados fascistas medonhos”.
Carlos Rodrigues alertou para os perigos de “uma sociedade em que os interesses de um partido se sobrepõem ao interesse comum, ao bem estar de todos e à saúde coletiva”, exemplificando com o caso do PCP que, apesar do contexto de pandemia e todas as medidas preventivas em vigor, persiste na realização do seu congresso, em Loures, entre os dias 27 e 29 deste mês.
Por isso, disse que para “os iluminados e inspirados pelo 25 de Novembro todos somos poucos para impedir este rumo de pensamento único, que nos condena a uma mediocridade acéfala e acrítica”.
“Abril e Novembro foram passos determinantes, mas tratou-se apenas do inicio da caminhada”, acrescentou, concluindo que é preciso “honrar esse legado”.
Os deputados madeirenses debateram dois votos de saudação pelo Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, propostos pelo PCP e PS, que hoje se comemora, e outro de solidariedade “Pelas mulheres vítimas de violência”.
Numa intervenção, a deputada do PS Elisa Seixas abordou este tema, defendendo, entre outros aspetos, uma melhor atuação da Justiça, que, por vezes, falha ao olhar para as “vítimas como culpadas, até prova em contrário”.
Por isso, disse ser necessário “repensar as medidas de coação” aplicadas aos agressores, analisando a situação “em função das vítimas, que muitas vezes têm crianças a seu cargo”.