"Isso é o pior que se pode fazer, é rebaixar a política à mentira", afirmou o deputado social-democrata Eduardo Jesus, no plenário, logo após a intervenção de Rui Barreto, do CDS-PP, que garantiu ter sido este partido a colocar o assunto na agenda política.
A maioria social-democrata, que suporta o governo liderado por Miguel Albuquerque, insistiu que a intenção partiu do executivo e será integrada no programa para 2019, onde ficam estipulados novos preços: 30 euros para o concelho do Funchal (redução máxima de aproximadamente 12 euros) e 40 euros para o restante território insular (redução máxima de 90 euros).
"Pela primeira vez na história da Madeira existe um plano para o setor dos transportes elaborado pelo Governo Regional", vincou o deputado Eduardo Jesus, sublinhando que o documento foi elaborado com a "maior proximidade possível" às populações.
As bancadas do CDS-PP e do PS, contudo, rebateram veementemente a posição social-democrata, gerando momentos de muito ruído e alguma tensão, o que levou o presidente do parlamento, Tranquada Gomes, a intervir, alertando para a presença de alunos em visita de estudo na galeria e para o "mau exemplo" que os deputados estavam a transmitir.
Victor Freitas, do PS, lembrou, entretanto, que nenhum deputado propôs, no decurso da atual legislatura, uma baixa de preços nos transportes públicos, pelo que considerou a medida "condicionada pelo calendário eleitoral" – as regionais realizam-se em 2019 – e resultam do "medo" que o PSD tem do candidato socialista, Paulo Cafôfo, atual presidente da Câmara Municipal do Funchal.
O debate sobre a redução do preço dos passes sociais decorreu da apresentação de uma recomendação ao Governo Regional, da autoria do Bloco de Esquerda, para que proceda à fusão de todas as companhias de transportes terrestres da Madeira num único operador público.
O BE considera que isso permitiria resolver "situações de deficiência e insuficiência" em diversos pontos da ilha.
"Faria sentido caminharmos paulatinamente para a integração das [várias] companhias numa mesma empresa", afirmou o deputado Roberto Almada, sublinhando que tal permitiria também evitar a divisão do território em "quintinhas", uma para cada companhia, beneficiando assim os utilizadores dos transportes públicos.
A proposta bloquista foi rejeitada com os votos contra do PSD, PS e CDS-PP e a abstenção do JPP, do PTP e do deputado independente. O PCP votou a favor do projeto.
C/LUSA