"Não podemos, numa ilha, ficar dependentes de políticos que não têm visão relativamente ao futuro do país", alertou, no encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, no Funchal, advertindo que atualmente Portugal "não tem estadistas", mas apenas "políticos de gestão".
Miguel Albuquerque, que é também presidente do Governo Regional, disse que é "vergonhoso" que o Estado português, face a uma plataforma continental de 3,7 milhões de quilómetros quadrados, não se preocupe em "assegurar o exercício da soberania" investindo no transporte marítimo de passageiros e mercadorias paras as ilhas.
"Não é a questão do financiamento, é a questão da inteligência e de saber o que se deve fazer geopoliticamente", alertou.
A ligação marítima de passageiros entre a Madeira e o continente ocorre apenas nos meses de julho, agosto e setembro, num total de 12 viagens, numa operação financiada pelo Governo Regional em três milhões de euros.
No encerramento das jornadas parlamentares do PSD – partido com maioria absoluta no parlamento regional (24 deputados num total de 47) – Miguel Albuquerque alertou ainda para o "centralismo jacobino" do Estado, acusando-o de não assumir as responsabilidades da continuidade territorial e da coesão.
"Se não formos nós a constituir governo, se não formos nós a tomar as decisões fundamentais, a Madeira vai sofrer uma regressão e vai passar a ser mandada por Lisboa. Não tenham dúvidas sobre isso", disse.
"Ser mandada por Lisboa significa que destruímos aquilo que duas gerações do PSD construíram", acrescentou.
O líder social-democrata madeirense, que preside ao Governo Regional desde 2015 e que se recandidata nas eleições regionais de 22 de setembro, destacou, por outro lado, a disponibilidade do executivo para comparecer ao longo do mandato na Assembleia Legislativa.
"Nunca tivemos medo – o governo – de ir ao parlamento, nunca tivemos medo de assumir as nossas responsabilidades, ao contrário de um certo candidato que anda aí, que se sobrepõe aos parlamentos e não assume responsabilidades sobre coisa nenhuma", declarou.
Miguel Albuquerque referia-se ao candidato independente apoiado pelo PS Paulo Cafôfo, ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, que não compareceu na comissão parlamentar de inquérito sobre a queda de uma árvore na freguesia do Monte, que matou 13 pessoas em 2017.
"Este [o PSD] é um partido de causas, que defende exaustivamente aquilo em que acredita e que sabe construir políticas e não anda aí no mero exibicionismo egocêntrico sem qualquer substância", disse.
C/Lusa