"É inacreditável, inenarrável e tem de ser justificado até às últimas consequências, como é que um governo renacionalizou o capital de uma companhia, no caso até aos 100%, injetou 3.200 milhões de euros dos nossos impostos, do dinheiro do país, para chegar ao fim e dizer, de forma cândida, que agora se vai reprivatizar, não parcialmente, até totalmente o capital da TAP”, alegou.
No final de uma reunião no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que decorreu no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal", Luís Montenegro considerou que as decisões tomadas pelo governo socialista “tiveram um impacto absolutamente estrondoso do ponto de vista da injeção de capital”.
Luís Montenegro frisou que "esses 3.200 milhões de euros equivaliam, por exemplo, a 23 obras de transformação do IP3 em autoestrada", e disse que não se sabe "quando é que a torneira vai fechar”, advertindo para uma "cortina de fumo" que, acusou, o Governo vai "tentar criar" sobre os lucros da empresa de aviação.
"Eu bem sei que se vai tentar criar aqui uma cortina de fumo com os lucros que o primeiro-ministro e os titulares das Infraestruturas dizem que a TAP pode vir a ter", disse, deixando em seguida um desafio ao primeiro-ministro: “Se o Estado português, o Governo português, estão satisfeitos com os resultados deste processo, então devem ser consequentes e entregar aos contribuintes o dinheiro que lhes tiraram, para que estes resultados fossem possíveis. É este o desafio que eu gostava de lançar, a propósito da auditoria do Tribunal de Contas”, referiu.
Luís Montenegro afirmou que considera “muito positivo” que seja feita uma auditoria do Tribunal de Contas, bem como que a Assembleia da República constitua uma comissão parlamentar de inquérito, de forma a que se perceba “toda a dimensão das decisões que foram tomadas nos últimos anos, em Portugal, sobre a TAP”.
“Não tenho dúvida nenhuma, já o digo há vários meses: creio que o que aconteceu na TAP foi um crime político e financeiro que começou em 2016. E é preciso dizer, olhos nos olhos ao país, ao primeiro-ministro, aos titulares da pasta das Infraestruturas: o pecado original foi em 2016”, vincou.
Luís Montenegro assinalou que o PSD pretendia a privatização da transportadora aérea nacional, embora obedecendo a algumas exigências estratégicas.
“O governo do Partido Socialista, de forma inusitada, injustificada e política e financeiramente absolutamente inaudita, decidiu renacionalizar parte do capital e decidiu trazer para a esfera pública todo o risco associado à operação da TAP, que, naturalmente, em 2020 viveu um momento dramático com todas as companhias aéreas. Mas, a Lufthansa também viveu esse problema, teve a ajuda do Estado alemão e já pagou a ajuda que teve com juros”, concluiu.
Lusa