“O PSD não é um partido de protesto, quer ser Governo, com responsabilidade, e um partido com responsabilidade não pede eleições de ano a ano”, afirmou o deputado social-democrata João Moura na ronda de pedidos de esclarecimento à Iniciativa Liberal, após a abertura do debate no parlamento da moção de censura ao Governo.
O PSD “acha que não é tempo de haver as terceiras eleições em três anos, é o tempo de o Governo regressar ao país real e governar”, salientou.
“Se não conseguir, terá de arcar com as responsabilidades”, avisou.
João Moura afirmou que, “pese embora não pareça, as legislativas ocorreram há menos de 11 meses” e o Governo “tomou posse ainda não passaram nove meses”, mas referiu que Portugal é confrontado “a um ritmo alucinante” com “trapalhadas governativas ao estilo de uma série”.
Numa referência à mais recente polémica, que envolve a secretária de Estado da Agricultura, afirmou que a governante, que tomou posse na quarta-feira, “ainda não germinou e já se avizinha ‘rotação da cultura’”.
“A causa do drama governativo tem a ver com a guerra do trono socialista”, apontou o deputado do PSD, numa referência à série televisiva “Guerra dos Tronos”, alertando que “ou o Governo muda de vida e quebra a muralha de gelo, ou não chega ao inverno”.
Pelo PS, o deputado Porfírio Silva defendeu que “esta moção de censura é uma inutilidade, até o PSD o reconhece”.
“Uma moção de censura não serve para nada quando não há alternativa política, e o PSD sabe que não há alternativa política”, salientou.
“O que nos move não é a satisfação do que está feito, o que nos move é o que falta fazer, é o que estamos a fazer e é mesmo por isso que a IL queria fazer cair o Governo de imediato e queria eleições agora, mas foi precisamente para travar essa categoria de irresponsabilidades que o povo escolheu esta maioria e é no exercício desse mandato popular que vamos chumbar a sua moção”, frisou Porfírio Silva.
O vice-presidente da bancada socialista acusou ainda o PSD de, “à falta de criação própria” imitar os “chavões da IL” e assinalou a “ironia histórica” de “liberais e miguelistas votarem lado a lado”, referindo-se ao Chega, o único partido que indicou que irá votado a favor da moção, juntamente com a IL.
Criticando os “ataques personalizados a membros” do Governo, o deputado do PS defendeu que “estes ministros e ministras que aqui estão e todos os outros que têm servido nos governos de António Costa “estão na vida pública por causas, pelo bem comum”.
“Nenhum esteve ou está por ganância, nenhum esteve ou está para ganhar a vidinha”, apontou.
Na resposta, o líder da Iniciativa Liberal afirmou que “basta olhar para o currículo das pessoas e não nomear pessoas que já foram arguidas, que estão acusadas em processos e não nomear pessoas que acabaram de receber indemnizações de meio milhão de euros”.
E dirigindo-se ao PSD, questionou: “O PSD, ao dizer que não é tempo de eleições, está à espera que aconteça o quê, que “evidência do inverno está à espera que aconteça para defender que é tempo de eleições? Porque os caminhantes brancos da pobreza e desagregação dos serviços públicos já chegaram”.
“Achamos convictamente que esta é a altura de mudar de Governo e essa altura é agora”, reiterou.
João Cotrim de Figueiredo aproveitou também para comentar a intervenção do primeiro-ministro, momentos antes, e defendeu que alguém que não se recandidata a um cargo não perde “direitos políticos e autoridade de criticar e chamar a atenção”.
“Quando pergunta se o Governo deve ser avaliado pelos resultados ou pela sua composição, a resposta é obviamente pelas duas porque a composição está em desagregação e os resultados são uma miséria”, defendeu o líder cessante da IL.