As primeiras regionais realizaram-se em 27 de junho de 1976 e serviram para escolher os 41 deputados da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), tendo concorrido seis forças políticas: PPD/PSD, PS, CDS, UDP, PCP e PCTP.
O PPD/PSD alcançou uma vitória inequívoca com 74,80% dos votos (63.963), o que contribuiu para que o partido ocupasse 29 lugares, enquanto o PS ficou com um grupo parlamentar composto por oito deputados e o CDS e a UDP elegeram dois elementos cada um.
No ato eleitoral seguinte (1980) começou o “reinado”, como muitos chamaram, do carismático líder social-democrata madeirense Alberto João Jardim, que durou cerca de quatro décadas.
Ao longo dos anos a Assembleia da Madeira viu crescer o seu número de deputados, primeiro para 44 (1980), depois para 50 (1984), 53 (1988), 61 (2000) e 68 (2004), a maior composição de sempre. A alteração à Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da Madeira situou o total de assentos em 47, em 2007.
Os sociais-democratas conseguiram manter maiorias absolutas consecutivas, chegando a ter 50 deputados, eleitos nas regionais de 14 de outubro de 1984.
“Não é só nas eleições regionais que o eleitorado da Madeira vota PSD. Vota PSD em toda as eleições, à exceção da eleição presidencial do Jorge Sampaio, em 2001, que foi a única vez em que o PS ganhou na Madeira. O PSD é sempre o partido mais votado. Há um padrão muito consistente daquela que é a opção de voto dos eleitores madeirenses”, disse à Lusa a investigadora Teresa Ruel, que há 10 anos estuda a situação política na Madeira.
Quanto ao PS, a sua presença foi oscilando ao longo do tempo, tendo conseguido a sua maior representação nas eleições de 17 de outubro de 2004, quando ocupou 19 lugares no hemiciclo. Na legislatura que agora terminou a bancada era composta por cinco deputados.
O CDS-PP foi outro partido que começou com uma composição reduzida – chegou a ter apenas um deputado -, mas conseguiu tornar-se no maior partido da oposição madeirense ao reunir uma bancada com sete deputados nas eleições de 2015.
A UDP, que se tornou BE, teve um grupo parlamentar com três elementos, sob a liderança de Paulo Martins, tendo depois mantido representações com um ou dois deputados nas diferentes legislaturas. Por uma vez, perdeu a representação (2011).
Evolução semelhante marca o percurso do PCP/PEV (CDU), que foi mantendo um ou dois assentos no parlamento regional durante este tempo, embora tenha ficado fora do parlamento uma vez nas regionais de 09 de outubro de 1988.
Nas legislativas de 2015, em sede de assembleia de apuramento de votos, durante três horas, a maioria absoluta do PSD esteve em risco, podendo o voto beneficiar os comunistas, uma “façanha” que o coordenador do PCP faz questão de mencionar frequentemente.
Na história da Assembleia da Madeira fica também a presença, durante uma legislatura, do Partido da Solidariedade Nacional (PSN), que conquistou um lugar em 1992. O mesmo aconteceu com o PAN e o MPT na legislatura saída das regionais de 2011.
Outro facto marcante foram as eleições antecipadas de 19 de fevereiro de 2007, devido à demissão de Alberto João Jardim como protesto pelo facto de o então primeiro-ministro socialista, José Sócrates, lhe ter “trocado as regras a meio do jogo”, aprovando uma Lei das Finanças Regionais.
Em outubro de 2011, com mais partidos na corrida eleitoral (nove), o PSD não deixou escapar outra maioria e garantiu 25 lugares e o CDS passou a ser a maior força da oposição ao eleger nove deputados e o PS seis. O estreante PTP, liderado pelo polémico José Manuel Coelho, elegeu três lugares.
Nas eleições de 2015, as primeiras com Miguel Albuquerque como líder do PSD, concorreram 12 forças políticas e os sociais-democratas mantiveram a maioria absoluta, elegendo 24 representantes, seguido do CDS (sete).
Estreou-se então o JPP, partido nascido de um movimento de cidadãos que elegeu cinco elementos, o mesmo número do que o PS. O PTP teve um lugar, tal como o PND, partido que foi extinto pelo Tribunal constitucional. O seu representante ficou como deputado independente.
Ao longo dos anos, a ALM teve como presidentes representantes do PSD, nomeadamente Emanuel Rodrigues, Nélio Mendonça, Miguel Mendonça e José Tranquada Gomes.
Sobre as eleições de 22 de setembro, a que concorrem 17 listas, Teresa Ruel, que é professora de Ciência Política na Universidade de Aveiro, disse não dispor de dados que lhe permitam fazer uma leitura da tendência do voto para as regionais.
“Não tenho um barómetro de sondagens, não tenho nenhum indicador que me possa dizer que os dados apontam [para algum caminho]. Não conseguimos extrapolar leituras”, afirmou.
A única ferramenta que tem são as poucas sondagens que já foram feitas e são “muito pouco sólidas”.
Apesar disso, a investigadora afirmou que indiciam que “existe um desejo de mudança".
A última sondagem para as eleições na Madeira foi realizada pela Eurosondagem em julho de 2019 e aponta para um empate técnico entre PSD e PS: 27,4% para os sociais-democratas (18/19 mandatos) e 26,3% para os socialistas (17/18 mandatos).
C/Lusa