“Já é público que os deputados da Madeira vão votar a favor das iniciativas que o PSD entregou na Assembleia da República”, declarou Miguel Iglésias no plenário de hoje do Parlamento madeirense.
Quarta e quinta-feira, na Assembleia da República, vão ser discutidas as propostas apresentadas pelo PSD que respondem às reivindicações apresentadas sucessivamente pelo executivo madeirense que visam a alteração da Lei das Finanças Regionais em matéria de limites de endividamento.
A Madeira também tem vindo a pedir uma moratória no pagamento da dívida do programa de ajustamento da Madeira à República, medidas que têm por objetivo dar mais capacidade financeira para a região implementar medidas de apoio à retoma económica na sequência da pandemia da Covid-19.
Contudo, o responsável da bancada socialista madeirense alertou que a “discussão do orçamento suplementar vai acontecer ainda este mês e será necessário introduzir normas aos artigos que se quer suspender para terem efeitos”.
Miguel Iglésias defendeu ser “importante o Governo Regional da Madeira fazer o trabalho de casa" e definir onde quer "gastar o dinheiro e quais as prioridades para ter uma economia mais resiliente no futuro”.
O deputado socialista respondia à intervenção do parlamentar social-democrata madeirense José Prada, que criticou a “falta de solidariedade”, o “silêncio”, o “desprezo” do Governo da República para com as reivindicações desta região para fazer face aos efeitos da pandemia da Covid-19.
José Prada mencionou que os deputados do PS/Madeira “já afirmaram publicamente que iriam furar a disciplina de voto para defender a Madeira”.
“Veremos se os restantes partidos – nomeadamente os que, nesta casa, dizem que defendem a Madeira e os trabalhadores (PCP) – farão passar, na próxima quinta-feira, duas propostas que se afiguram essenciais para reforçarmos a resposta a quem mais precisa, nesta fase”, vincou.
José Prada considerou que “chega de estar do lado de um país que não está do lado da Madeira”.
“Recusámos pactuar com o silêncio de quem nada nos diz há mais de dois meses, sabendo que quem mais sofre com essa falta de resposta são os madeirenses, tão portugueses como quaisquer outros cidadãos que vivam no nosso país ou na Diáspora”, disse.
O parlamentar social-democrata madeirense considerou também ser inaceitável “o desprezo” com que a Madeira tem sido tratada nas suas reivindicações, “numa fase tão delicada como aquela que atualmente vivemos face à pandemia”.
“Não desculpamos o facto de termos tido de assumir, sozinhos e através do Orçamento Regional, mais de uma centena de medidas e respostas imediatas às necessidades, quando todos os dias se anunciavam no país projetos, medidas e programas excecionais de apoio”, sublinhou.
Jose Prada salientou que a Madeira “dispensa esta falta de solidariedade e consideração”, considerando também não ser “admissível ter um primeiro-ministro que, dia após dia, se esquece dos seus deveres e obrigações para com todos os portugueses, lembrando-se de ser mais presidente do PS do que de outra coisa qualquer".