As críticas foram feitas pelo socialista Élvio Jesus numa intervenção política no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira.
Para a bancada do maior partido da oposição (ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo), esta situação no setor da saúde é registada quando a Madeira “gasta mais, quer na componente pública, quer na privada, face à média nacional”.
O deputado mencionou que “a promiscuidade pública e privada na saúde é crescente e gritante” neste arquipélago.
Entre outras críticas, indicou que “as Urgências estão cada vez mais sobrecarregadas e constituem a principal porta de entrada no sistema”, porque “os percursos dos utentes são demasiado sinuosos, penosos e dificultados”.
Élvio Jesus mencionou que “os cuidados paliativos há muito que aguardam um reforço de meios”, e considerou que “pouco se fala” dos cuidados continuados e da saúde mental, numa gestão “opaca, inefetiva e pouco clara”.
O problema das listas de espera, acrescentou, “não para de crescer”, o internamento em lares é “inexistente e inadequado”, e há um clima de “crispação e ostracização” que afeta os profissionais da saúde, sobretudo “os não filiados, alaranjados e agora azulados” (numa referência ao PSD e ao CDS, que governam a região em coligação).
“Temos um sistema que é mais orientado para doença do que para a saúde”, sublinhou o parlamentar.
Pelo JPP, o líder parlamentar, Élvio Sousa, afirmou que a Madeira tem um presidente do Governo Regional “esbanjador, despesista e a gastar o dinheiro do povo à grande e à francesa”.
O deputado referia-se a uma viagem de Miguel Albuquerque a Miami, que, disse, serviu “para promover criptomoedas”, enquanto há uma lista de espera para 118 mil atos médicos no arquipélago, o que representa um aumento de 86% relativamente a 2015.
A situação, opinou, devia “ser objeto de vergonha regional”.
Para o deputado único do PCP no parlamento madeirense, Ricardo Lume, “é evidente que a saúde ficou em segundo plano na atuação do Governo Regional e o que estava inscrito no programa de governo de 2019 não é para cumprir, mas foi para enganar os madeirenses”.
O comunista enunciou, entre outros aspetos, que “a meta do médico de família não será cumprida”, lembrando que foram anunciadas 1.000 camas para cuidados continuados e agora, em fim do período de governação do PSD/CDS, está prevista a “construção de 400 nos próximos anos”, há um atraso na conclusão das obras do bloco operatório no Funchal, que “vai custar mais um milhão de euros”, e as listas de espera continuam a crescer.
“O Governo Regional mentiu e tem uma estratégia de propaganda para continuar a enganar os madeirenses”, concluiu.