“Nós ultimamente temos assistido a um conjunto infeliz de declarações oficiais do presidente e outros membros do Governo Regional que têm um único objetivo o de criar uma cisão artificial entre a Região Autónoma da Madeira e o Governo da República”, disse José Pedro Vieira, em conferência de imprensa no Funchal.

Em causa estão as reações de vários elementos do executivo madeirense às declarações do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente do PS nacional, Carlos César, no debate quinzenal da semana passada, na Assembleia da República, sobre a "desagradável surpresa" do défice orçamental da Região Autónoma da Madeira, "único governo do PSD que resta em Portugal".

A região liderada pelo PSD, num executivo presidido por Miguel Albuquerque, afirmou César, "atingiu um défice de pelo menos sete vezes mais" do que o dos Açores, e deixa "faturas para pagar".

Para José Pedro Vieira, “a demagogia política não podia ter descido mais baixo” e o executivo insular, com a “criação desta fábula”, tem um “objetivo muito claro, que é enganar os madeirenses e dessa forma disfarçar as incompetências e as incongruências da atuação política”.

O dirigente do PS/Madeira acrescentou que, dessa forma, o executivo da Madeira “procura disfarçar a incapacidade do próprio governo em resolver aqueles que são os problemas da Madeira e do Porto Santo, procurando passar para os outros a sua responsabilidade de resolver os problemas e governar a região”.

“Aquilo que se assiste é uma tentativa de disfarçar a incompetência e incapacidade do Governo Regional, passando as responsabilidades para o Governo da República”, complementou.

Para o dirigente, “está na hora de os madeirenses perguntarem ao presidente do Governo Regional da Madeira” se pode garantir a linha ferry entre a Madeira e o território continental ou a resolução de problemas na saúde, como o novo hospital, as listas de espera, falta de medicamentos e de recursos humanos.

No seu entender, Miguel Albuquerque deve ser questionado se, na área do turismo, vai conseguir salvaguardar os interesses da região, “procurando novas soluções para um problema que aparentemente apanhou desprevenido o Governo Regional relativamente à recuperação da zona mediterrânica dos mercados de turismo alemão e britânico”.

Segundo José Pedro Vieira, esta situação representou “um rombo brutal nas aspirações da região também na área do turismo”.

“O Governo da República não critica os madeirenses, o que acontece é uma crítica de todos os madeirenses ao Governo Regional por ser incapaz de salvaguardar os nossos interesses e responder aos problemas que diariamente vamos enfrentando”, sustentou.

Por isso, sublinhou, “está na hora de os senhores do Governo Regional se deixarem de conversa e passarem à ação, passarem a trabalhar, procurando resolver os problemas que todos os dias vão crescendo” neste arquipélago.

O socialista censurando Miguel Albuquerque por procurar “no exterior um inimigo comum”.

LUSA