“Aqui estiveram presas pessoas, ideias e palavras. Tanto eu como os representantes dos grupos parlamentares viemos aqui prestar homenagem a todos os que sofreram e morreram” pela liberdade, referiu José Pedro Aguiar-Branco.
A delegação portuguesa inclui os deputados Hugo Carneiro (PSD), Patrícia Faro (PS), Carlos Guimarães Pinto (IL) e José Soeiro (BE).
“A homenagem que prestamos mostra a importância do que esse sentimento de liberdade conta para a dignidade humana”, disse, no final de uma visita guiada de cerca de uma hora ao antigo campo do regime colonial português, hoje Museu da Resistência.
O presidente da Assembleia da República e deputados depuseram uma coroa de flores junto da placa onde estão inscritos os nomes dos 46 mortos no campo para onde eram enviados os opositores da didatura.
Entre celas, as fotos dos presos e os testemunhos, é difícil escolher o que mais impressiona.
“Acho que é muito difícil escolher entre o mau e o péssimo. Uma coisa é evidente: o que mais impressiona, sempre, é o sofrimento humano”, acrescentou Aguiar-Branco, reafirmando que a liberdade nunca pode ser tomada como garantida.
“Há um trabalho diário para a proteger”, completou Austelino Correia, presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, que acompanhou o homólogo durante a visita.
No final, o líder do parlamento cabo-verdiano fez um reparo, dizendo que “a história não está completa: conheço presos políticos, depois de 1975, que não estão aqui”.
“Quando fui à cela dos cabo-verdianos, encontrei uns presos políticos [da ditadura portuguesa], mas não encontrei outros. É preciso que se conte toda a historia”, concluiu.
Austelino Correia fazia referência à utilização que o espaço voltou a ter como prisão, para contestatários da entrega do poder ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no processo de independência do país.
Os Presidentes de Portugal, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau e o ministro da Defesa de Angola juntaram-se há sete meses, a 01 de maio, no antigo campo de concentração, para celebrar os 50 anos do dia em que foram libertados os presos políticos.
Os presos dos quatro países foram ali oprimidos pela violência da ditadura.
Um total de 36 pessoas morreram no campo, a maioria, 32 mortos, eram portugueses que contestavam o regime fascista, presos na primeira fase do campo, entre 1936 e 1956.
A carcere reabriu em 1962 com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a aprisionar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, período em que morreram dois angolanos e dois guineenses.
Lusa