“Juntar Paulo Portas, Manuel Monteiro e Assunção Cristas, outros ex-dirigentes, como Pedro Mota Soares e Cecília Meireles, assim como militantes anónimos, é muito relevante e mostra um partido que, na esmagadora maioria dos casos, sabe ler as circunstâncias e reagir”, defendeu à Lusa o presidente centrista, Nuno Melo, antes do congresso estatutário do partido que se realiza no sábado, em Aveiro.
A campanha “faça a sua quota-parte” é um dos aspetos de um “processo de reestruturação financeira” em curso no partido que perdeu a representação parlamentar nas eleições legislativas de 2022 e no qual a direção de Nuno Melo diz ter herdado “muito mais despesas do que receitas”, mas sem querer concretizar o passivo em causa.
“As questões internas discutimo-las internamente. Pelo menos comigo há questões que na dimensão pública não trato, nomeadamente o montante e as características da dívida”, afirmou Nuno Melo.
No mesmo sentido, reconhece que a reestruturação financeira “abrange todos os vetores do partido e, infelizmente, também a sua massa humana, a maior riqueza do CDS”, mas não revela quantos funcionários os centristas já despediram ou deverão despedir.
Já sobre as sedes do CDS em todo o país, nenhuma foi ainda alienada: “Todas as sedes que recebemos são ainda sedes do CDS”.
A sede nacional permanece no edifício histórico do largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, que não é propriedade do partido, mas sim do Patriarcado de Lisboa, com quem têm um contrato.
Nuno Melo sublinha que em poucos meses a dívida já foi reduzida em 15% e manifesta-se confiante em “aproximar mensalmente despesas de receitas”.
“É o que tem de acontecer nas empresas e nos partidos também, ou, como as empresas, também fecham”, disse.
O objetivo da campanha “faça a sua quota-parte” é “conseguir o maior número de quotizações possíveis”, referiu Nuno Melo, sem apontar para um montante ou para um número de militantes.
Nas redes sociais estão já disponíveis os vídeos protagonizados pelos antigos presidentes do CDS Paulo Portas e Manuel Monteiro, a que se juntará o apelo de Assunção Cristas.
Portas alerta para a “redução muito severa” dos meios financeiros que a perda de representação parlamentar acarretou para o partido e defende o “papel relevante” do CDS na democracia portuguesa “pela constância dos seus valores, pela experiência nas instituições, pela moderação nas suas atitudes, pela qualidade dos seus quadros e dos seus membros”.
“Temos de ajudar nesta emergência. O presidente eleito do partido teve a coragem de propor que os militantes passassem a ter como regra, e não como exceção, o pagamento de quotas. Eu já fiz a minha parte, ele pediu e eu compreendi, já fiz a minha quota-parte, e o que venho pedir a todos é que façam como eu fiz”, apela Paulo Portas.
Igualmente num vídeo disponível nas redes sociais do partido, o ex-líder Manuel Monteiro – que regressou ao CDS depois de se ter desfilado para criar um partido, a Nova Democracia, entretanto extinto – defende que é “necessário que cada militante, cada simpatizante, cada amigo do militante, cada amigo do simpatizante que queira ajudar o CDS a reconstituir a sua força no país, pode e deve dar o seu contributo”.
Nuno Melo explicou à Lusa que o pagamento de quotas é um dever previsto nos estatutos para os membros do CDS, sem o qual estes não podem eleger ou ser eleitos, tendo estado suspenso por uma decisão tomada em Conselho Nacional durante a presidência de Paulo Portas, mas que foi, entretanto, reposto, também em decisão tomada pelo órgão máximo entre congressos e que, por isso, não há necessidade de levar nenhuma proposta nesse sentido ao congresso estatutário que decorre no sábado, em Aveiro.
De acordo com as contas anuais dos partidos políticos referentes a 2021 – divulgadas pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) no início de junho, o CDS-PP, apresentou um prejuízo de 110 mil euros em 2021.
Tratou-se de uma ‘quebra’ significativa nas contas quando comparado com os resultados registados em 2020, quando os centristas tinham obtido lucros na ordem dos 244 mil euros.