O anúncio foi feito à agência Lusa pelo cônsul-geral de Portugal em Caracas, Licínio Bingre do Amaral, a poucas horas de viajar para a cidade de Barcelona, no Estado venezuelano de Anzoátegui (320 quilómetros a leste da capital) para realizar a primeira permanência consular local após o início da pandemia de covid-19, em março de 2020.
“Vamos fazer permanências consulares novamente. As permanências foram suspensas desde meados do ano passado devido à situação da pandemia na Venezuela e a todas as limitações de deslocação, mas nota-se claramente que há cada vez mais dificuldade das pessoas, de fora de Caracas, em poderem deslocar-se à capital, pelas questões da quarentena e da gasolina, e, portanto, temos que voltar novamente para a estrada”, afirmou Bingre do Amaral.
O diplomata revelou que em 28 de janeiro realizaram uma permanência consular em Los Teques, 32 quilómetros a sul de Caracas e que hoje se desloca “para Barcelona”, para “fazer uma permanência consular e depois para a ilha de Margarita e para Puerto Ordáz [470 km a leste e 660 quilómetros a sudeste de Caracas, respetivamente]”.
“Para ver se conseguimos chegar o mais perto possível da comunidade portuguesa, para renovar essencialmente documentos de identificação e de viagem, passaportes e cartões de cidadão”, disse.
Licínio Bingre do Amaral explicou que “a Venezuela tem semanas de quarentena seguidas de semanas de livre circulação” e, por isso, irá “tentar aproveitar aquelas semanas onde pode haver livre circulação para poder ir fazer as permanências consulares nos sítios dos consulados honorários”.
O cônsul-geral acrescentou que “os consulados honorários não têm máquinas para fazer cartões de cidadão e passaportes, tem que ser o consulado-geral de Portugal em Caracas a mandar uma equipa com máquinas especiais para poder captar os dados para fazer passaportes e cartões de cidadão”.
A grande diferença com relação a permanências anteriores, é que “tem que haver marcações e tem que haver distanciamento social e as medidas sanitárias devido à pandemia que vigora”, frisou.
“Portanto, temos que ter muito mais cuidado, que diminui algumas pessoas em cada dia e, por isso, vamos ficar mais dias, para poder permitir que todas as pessoas que estão interessadas façam o cartão de cidadão e o passaporte, e outros documentos”, declarou.
O diplomata salientou ter informações que, em relação a Caracas, “em várias zonas do país há mais dificuldades, que na capital, em termos de gasolina e com outro tipo de bens”.
“Nomeadamente a questão da gasolina em muitos sítios é extremamente complicada e pode causar problemas para as permanências consulares que vamos realizar nalguns pontos do país”, sublinhou Bingre do Amaral, acrescentando que o próprio consulado teve que “tomar medidas adequadas para levar gasolina suficiente” para “ir e regressar”.
Aos portugueses locais, o cônsul-geral recomendou que se informem sobre “as permanências que estão a ser preparadas e contactem os consulados honorários da zona ou o consulado-geral de Portugal em Caracas para se inscreverem”.
Desde o início da pandemia de covid-19, a Venezuela contabilizou, oficialmente, 130.116 casos de infeção pelo novo coronavírus e 1.233 mortes provocadas pela doença.
No entanto, segundo a oposição, o número de mortes no país é superior a 2.000.
Oficialmente 122.081 pessoas recuperaram da doença.
A Venezuela está em quarentena preventiva desde março de 2020, aplicando atualmente um sistema conhecido localmente como “7+7”, que consiste em sete dias de estrito confinamento, seguidos por sete dias de flexibilização.
Com o Carnaval a Venezuela terá 10 dias contínuos de quarenta flexibilizada, desde a semana anterior.