"O que se conquistou é importante, mas é escasso para o que se podia e devia ter alcançado", disse o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, num almoço-comício no Funchal (Madeira) que reuniu cerca de duas centenas de pessoas.
No seu entender, esta legislatura "só não foi mais longe em avanços na vida dos trabalhadores e do país porque o PS, convergindo com o PSD e o CDS, optou por colocar os interesses do grande capital e as imposições da União Europeia à cabeça das suas prioridades".
Para o dirigente comunista, a questão que se coloca nas eleições legislativas nacionais de 06 de outubro é “escolher entre o avançar no que se conquistou e responder aos problemas que não tiveram resposta, dando mais força à CDU, ou andar para trás, pela mão do PS, PSD e CDS".
Jerónimo de Sousa realçou não se tratar de “fantasmas” e exemplificou com a legislação laboral.
"PS, PSD e CDS, com o aplauso do grande patronato e da UGT, convergiram para manter as normas gravosas do Código do Trabalho, como lhe acrescentaram novas disposições para negar direitos e o futuro aos jovens trabalhadores, aumentando a precariedade e a exploração", declarou.
Já na educação, apontou, “o PS, ao arrepio da lei, tudo está a fazer para limitar a distribuição gratuita de manuais escolares, a pressionar as escolas para entregarem manuais usados todos riscados e desenhados”, restringindo um direito conquistado com a intervenção dos comunistas.
Segundo Jerónimo de Sousa, o avanço que a CDU preconiza é "assegurar o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores e do Salário Mínimo Nacional para os 850 euros"; recuperar o controlo das empresas e setores estratégicos; concretizar uma política fiscal que alivie os impostos sobre os trabalhadores e garantir a efetiva proteção social, "assegurando um aumento mínimo de 40 euros mensais nas reformas ao longo da legislatura e um mínimo de 10 euros mensais a partir de janeiro de 2020".
Relativamente às eleições regionais de 22 de setembro na Madeira, o líder comunista alertou que a intenção do PS "não é romper com a política do PSD” ou fazer uma política diferente a alternativa à do social-democrata Miguel Albuquerque (presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira).
O socialistas, considerou, querem apenas “uma mudança de cadeiras para, sentados uns ou outros no poder, continuar a fazer no essencial a mesma política, a servir os mesmos interesses económicos, a privilegiar os poderosos".
Na região, o PSD governo o executivo desde as primeiras eleições livres.
O coordenador regional do PCP na Madeira e cabeça de lista às eleições legislativas regionais de 22 de setembro, Edgar Silva, disse que a CDU não pode permitir que "impere a desconfiança, nem que a frustração face à anunciada mudança dê lugar à abstenção" devido à "fraude política" de mudança alimentada quer pelo PSD, quer pelo PS.
"Não basta mudar as moscas, […] não basta mudar de caras", disse, salientando ser "necessário um novo rumo”.
A cabeça de lista pelo círculo eleitoral da Madeira às eleições para a Assembleia da República, Herlanda Amado, alertou que "o reforço da CDU e da sua capacidade de intervenção, é uma das questões centrais que estão colocadas aos trabalhadores e ao povo, para que os seus direitos sejam defendidos".
"O que está em causa nas próximas eleições é a eleição de deputados […] comprometidos em lutar por um novo rumo", avisou.
C/ LUSA