"Não haverá reunião da comissão de diálogo", disse Henry Ramos Allup, secretário da AD, ao diário venezuelano El Universal, à margem de um encontro com delegações regionais daquele partido, ao ser interrogado sobre os preparativos para a viagem.
Segundo a AD, a decisão deve-se às declarações "irresponsáveis do ministro do Interior” e da justiça, Néstor Reverol.
Néstor Reverol afirmou que a localização do ex-polícia rebelde Óscar Pérez, assassinado na segunda-feira pelo Governo, foi possível graças à colaboração dos oposicionistas que participavam no diálogo.
"Como podemos acudir a uma reunião, quando o próprio Governo mente descaradamente e compromete quem assistirá a essa reunião", questionou Henry Ramos Allup.
Segundo o portal Crónica Uno, a oposição tinha pedido ao ministro que se retratasse de "tamanha infâmia", o que não aconteceu.
Por outro lado, numa carta pública dirigida ao Presidente da República Dominicana, Danilo Medina, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), que inclui a AD entre outros partidos venezuelanos da oposição, advertiu que os recentes acontecimentos ocorridos na Venezuela comprometiam as negociações.
O ministro do Interior venezuelano, Néstor Reverol, confirmou terça-feira que o ex-polícia rebelde e piloto do helicóptero Óscar Pérez e outras seis pessoas que o acompanhavam morreram na segunda-feira, durante uma operação policial para a sua captura.
"Apesar das tentativas para conseguir uma solução pacífica e negociada, este grupo terrorista fortemente armado, iniciou, de maneira mal-intencionada, um confronto com os organismos de segurança atuantes", disse o ministro durante uma conferência de imprensa em Caracas, onde precisou que faleceram ainda dois polícias.
As declarações do ministro contrastam com imagens de vídeos divulgados através da Internet em que Óscar Pérez denuncia que pretendiam assassiná-lo.
Num dos vídeos ouve-se Pérez chamar a atenção para a existência de civis e pedir aos militares que não disparem porque se vai entregar.
A operação está a ser referida como "um massacre" por várias organizações não-governamentais venezuelanas que denunciam que foi inclusive usado um tanque de guerra militar para atacar a casa onde se encontravam os suspeitos.
Segundo o ministro, a localização do ex-polícia foi possível na sequência de dados fornecidos pela oposição e do rastreio a um dos integrantes, depois de dar uma entrevista a um canal de televisão, que não precisou qual era, mas a imprensa diz tratar-se da CNN em Espanhol.
O ex-inspetor Óscar Pérez era acusado de, em junho de 2017, ter usado um helicóptero do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), para disparar vários tiros contra a sede do Ministério do Interior e Justiça e arremessado quatro granadas contra o Supremo Tribunal de Justiça, que não causaram vítimas.
Era também acusado de, a 18 de dezembro, ter liderado um grupo de 49 homens que assaltou um comando da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), de onde roubaram armas e munições e manietaram vários oficiais, em Laguneta de La Montaña, a sul de Caracas. Em nenhum caso houve vítimas.
A 16 de janeiro Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu que as negociações previstas para 18 e 19 de janeiro, na República Dominicana seriam "a última oportunidade" para a oposição.
LUSA