“Reconhecemos a perspetiva europeia da Ucrânia. Como a nossa resolução [que será hoje debate] afirma claramente, congratulamo-nos com a candidatura da Ucrânia ao estatuto de candidato [à UE] e, trabalharemos em prol desse objetivo”, salientou Roberta Metsola.
Intervindo em Bruxelas na sessão plenária extraordinária da assembleia europeia dedicada aos confrontos na Ucrânia, devido à invasão russa do país na semana passada, a líder do Parlamento Europeu afincou: “Temos de enfrentar o futuro juntos”.
Dirigindo-se ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que participou na ocasião com uma mensagem por videoconferência, Roberta Metsola assegurou que “a Europa está pronta a ir ainda mais longe”, nomeadamente após as pesadas sanções impostas nos últimos dias.
“Senhor presidente, estamos consigo na sua luta pela sobrevivência, neste momento negro da nossa história”, assegurou a responsável.
De acordo com Roberta Metsola, a Ucrânia tem no Parlamento Europeu “um aliado, um espaço para se dirigir à Europa e ao mundo, e sempre, sempre, sempre um amigo”.
“O Parlamento Europeu tem uma longa e orgulhosa história de ser um espinho do lado dos autocratas e, nesse espírito, procurarei proibir qualquer representante do Kremlin de entrar nas instalações do Parlamento Europeu. Os agressores e belicistas não têm lugar na casa da democracia”, concluiu.
Roberta Metsola defendeu ainda que, após os ataques russos na Ucrânia, “a Europa já não pode continuar a depender do gás do Kremlin” nem “pode acolher o dinheiro do Kremlin e fingir que não há compromissos”, devendo por seu lado “avançar para ter uma verdadeira União de segurança e defesa” e para “combater a campanha de desinformação” russa.
O Parlamento Europeu vai hoje adotar uma resolução sobre a “agressão russa contra a Ucrânia”, ocasião na qual defenderá a concessão à Ucrânia do estatuto de país candidato à adesão.
De acordo com o projeto do texto que irá a votos, ao qual a Lusa teve acesso e que já foi acordado entre as principais bancadas do Parlamento, os eurodeputados irão “exortar as instituições da UE a trabalharem no sentido de conceder à Ucrânia o estatuto de candidato à União Europeia, em conformidade com a artigo 49 do Tratado e com base no mérito”.
A assembleia irá também defender que, “entretanto”, prossiga o trabalho “no sentido da integração [da Ucrânia] no Mercado Único da UE, de acordo com as linhas do acordo de associação” existente.
A resolução será votada após o debate no hemiciclo de Bruxelas.
Na segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou o pedido formal para a entrada do país na UE, tendo Bruxelas recordado que “há um procedimento a respeitar”, complexo e moroso.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.