Uma recomendação do PS/Madeira para o funcionamento de forma permanente das urgência do centro de Saúde do Porto Moniz foi hoje rejeitada por PSD e CDS-PP, que consideraram a proposta "extemporânea" face à situação da pandemia de Covid-19.
A proposta de resolução que defendia que as urgências naquela unidade de saúde no norte da ilha funcionasse de forma permanente, tendo em conta que aquele município tem uma população maioritariamente idosa e que não dispõe de transporte próprio, sendo “a mais afastada do Funchal”, foi hoje debatida no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira.
A iniciativa acabou por ser rejeitada com os votos contra da maioria PSD/CDS-PP e os votos favoráveis dos deputados dos partidos da oposição PS, JPP e PCP.
No articulado da proposta de resolução, a bancada do maior partido da oposição no parlamento regional, o PS, que tem 19 dos 47 deputados, recordava que, em 2012, o horário de atendimento deste centro foi reduzido, passando a funcionar apenas entre segunda e sexta-feira, durante o período diurno, com a justificação da pouca procura.
O deputado do PSD Valter Correia admitiu que, depois de ultrapassada a pandemia da Covid-19, que exige “racionalidade” na gestão dos recursos humanos que são escassos, poderá estar disponível para “lutar pela aplicação desta medida”, visto ser um município com uma população envelhecida.
“É sempre bom almejar mais e melhor”, disse o parlamentar, salientando que “a realidade não se compadece com batalhares eleitorais” e a prioridade é o combate à pandemia, o que passa pela “adequação dos meios”.
Valter Correia enfatizou que “gostava de ver o centro de saúde a funcionar 24 horas, mas isso é impossível”, insistindo que é necessário existir “racionalidade e honestidade intelectual”.
Por isso, considerou que a proposta dos socialistas é “extemporânea” face à atual realidade, porque “continua a haver carência de médicos, profissionais que não estão disponíveis no mercado”.
“O grande dilema é termos ou não capacidade de combater a pandemia”, declarou, sublinhando que “não pode ser posta em causa a prontidão dos profissionais de saúde” e, “numa situação sem precedentes, não é possível dispersar mais meios”.
O deputado mencionou que os centros de saúde estão a funcionar “com regularidade, com recurso à contratação de médicos aposentados”, mas “estão longe de viver uma situação de normalidade”.
“É preciso ter sentido de razoabilidade e não de alcançar alguns votos” e não “pensar em termos de paróquia”, salientou.
Valter Correia realçou ainda que a população do Porto Moniz, que é de 2.500 pessoas tem, presentemente, “um acesso mais facilitado ao serviço de urgência que a maioria a população do arquipélago”.
Além disso, acrescentou, as pessoas podem recorrer às urgências do concelho contíguo de São Vicente e, “como há pouca população, não têm de esperar muito tempo e em cerca de 25 minutos são atendidas”, o que não acontece noutros locais.
Por outro lado, continuou, a melhoria da rede rodoviária permite que as pessoas que, antes levavam duas horas a chegar ao hospital do Funchal, façam agora este percurso em apenas 40 minutos.
Na sessão de hoje, os deputados do parlamento madeirense votaram também cerca de 30 pontos das últimas agendas de trabalhos, entre votos de congratulação, pesar e iniciativas legislativas.
Entre estas, foi aprovada por unanimidade uma iniciativa do CDS-PP, debatida na passada semana, recomendando ao Governo da República que “garanta um tratamento igualitário aos emigrantes lesados do BES, para que possa ser encontrada uma solução idêntica à dos lesados do papel comercial, através de um fundo de recuperação de créditos que lhes permita recuperar parte das suas poupanças”.
Todos os partidos com assento no parlamento insular também apoiaram a proposta do PSD que sugere ao Governo Regional a transformação de um edifício escolar desativado na freguesia de São Jorge, no concelho de Santana, no norte da Madeira, em estrutura residencial para idosos ou em unidade de apoio integrado de internamento de longa duração.