“Propor que se ignore o que aconteceu a 28 de julho [de 2024, eleições presidenciais] é um insulto ao povo venezuelano (…) As eleições já se realizaram. A soberania popular respeita-se”, disse.
María Corina Machado falava durante uma conferência de imprensa por Zoom com jornalistas da Argentina, Chile e Brasil.
“Fomos a umas eleições com as regras da tirania, as pessoas disseram que estávamos loucos porque ia haver uma fraude monumental que não íamos conseguir provar”, disse a opositora que foi impedida de participar nas presidenciais após ter sido desqualificada pelas autoridades para exercer cargos públicos.
“Eu lhes pergunto se houver umas segundas eleições e se não gostarem dos resultados o que acontece? Vamos a umas terceiras? A umas quartas ou quintas? Até que goste”, disse, insistindo que Edmundo González Urrutia, o seu substituto, ganhou as presidenciais de 28 de julho com mais de 70% dos votos.
A líder opositora venezuelana rejeitou ainda a possibilidade de haver um Governo de coligação na Venezuela, sublinhando que “isso se tem dado em contextos democráticos, não no caso venezuelano”.
“Estamos a oferecer incentivos e salvaguardas, mas numa transição para a democracia”, frisou.
O Presidente do Brasil, Lula da Silva, reiterou hoje a necessidade de as autoridades venezuelanas divulgarem os resultados das eleições de 28 de julho e sugeriu duas soluções para a crise, um Governo de coligação ou um novo sufrágio.
Numa entrevista à rádio T, Luiz Inácio Lula da Silva disse que “até agora” não se sabe quem ganhou as eleições, porque os resultados não foram divulgados e não foi possível verificar os resultados de forma independente.
O líder brasileiro salientou ainda que o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, que foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), “sabe que deve uma explicação ao mundo inteiro”.
No entanto, Lula disse que está a trabalhar com o México e a Colômbia para encontrar soluções e sugeriu duas ideias: a formação de um Governo de coligação composto por membros do chavismo e da oposição ou a convocação de novas eleições.
“Maduro tem seis meses de mandato. Ele é o Presidente, independentemente das eleições. Se ele tiver bom senso, pode até convocar novas eleições, criando um comité eleitoral com membros da oposição e permitir que observadores do mundo inteiro acompanhem”, declarou.
O líder brasileiro garantiu que a sua relação com Maduro, que no passado era muito boa, “se deteriorou”, como consequência da “deterioração da situação política na Venezuela”, e não se quis comprometer com a situação política na Venezuela.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.
Lusa