O presidente do Governo da Madeira afirmou hoje ser-lhe “indiferente” a opinião do presidente da TAP sobre as suas críticas à empresa e considerou as explicações de Antonoaldo Neves no parlamento madeirense “mais do mesmo”.
“É mais do mesmo”, disse Miguel Albuquerque aos jornalistas quando questionado sobre a audição do presidente executivo da TAP, hoje, na Comissão Eventual de Inquérito do parlamento madeirense sobre a política de gestão da companhia em relação à Madeira.
No entender do chefe do executivo madeirense, “a responsabilidade primeira” pela situação “não é do senhor Antonoaldo”.
À margem de uma entrega de motos aos responsáveis pelas levadas da região, na Ribeira Brava, Miguel Albuquerque foi também questionado sobre as suas críticas à companhia, que incluem a referência aos preços “pornográficos” das viagens.
“Ele [presidente da TAP] pode gostar ou não gostar, mas isso para mim é indiferente, porque a minha obrigação é denunciar as iniquidades, as injustiças e os constrangimentos que a TAP tem causado à Madeira”, salientou o governante.
Esta tarde, Antonoaldo Neves rejeitou na Comissão Eventual de Inquérito as críticas da prática de preços “pornográficos” nos voos para a ilha da Madeira.
O governante insular defendeu que o presidente da TAP tem de dar “explicações relativamente ao cancelamento dos voos desde janeiro” e “a forma como os madeirenses e porto-santenses foram tratados nesta linha”.
Albuquerque quer também explicações sobre os “preços elevados”.
“Ninguém consegue responder a esta pergunta, que é de ‘la palisse’: se a TAP não é uma empresa privada, tem 50% de capital público, porque é que o Estado está a pôr lá capital, qual a razão?”, questionou.
O presidente do Governo Regional apontou que a única razão para esta situação é porque a companhia deve “servir as regiões autónomas, as comunidades de emigrantes e a diáspora portuguesa”.
No entender do líder madeirense, “a liberalização não tem nada a ver com política de preços, que é escandalosa, da TAP”.
“Portanto, isso é tudo conversa, porque na verdade o que a TAP tem de fazer é não se aproveitar da circunstância para se financiar através das viagens para a Madeira, prejudicando a região e o turismo da região”, vincou.
O chefe do executivo entregou hoje na Ribeira Brava 20 motos aos levadeiros, encarregado das levadas (percursos pelos canais de irrigação), o que representou um investimento de 80 mil euros.
O objetivo da região, destacou, é “ter um parque de motociclos atualizado para facilitar a vida das pessoas que tratam da água de rega dia a dia”.
O responsável destacou que o Governo Regional tem subsidiado a água de rega, por considerar ser “essencial para a agricultura, em três milhões de euros por ano”.
Miguel Albuquerque destacou a importância da Água e Resíduos da Madeira (ARM) na gestão das redes e água e canais, bem como o papel dos levadeiros na organização e direcionamento da rega em função das necessidades dos agricultores.
LUSA