"Sou candidato à presidência do CDS no próximo congresso", afirmou Nuno Melo na apresentação da candidatura, na sede centrista, em Lisboa.
Perante uma sala cheia, o dirigente apontou que sentiu "a obrigação de dar o peito às balas" pelo CDS-PP e recusou "deitar a toalha ao chão".
"Hoje não começa a última batalha de um CDS perdido, hoje começa a primeira batalha para um CDS renascido", disse.
Apesar de considerar que o partido tem pela frente um desafio "difícil" e "carregado de obstáculos", Nuno Melo defendeu que "o CDS não acabou" e "faz falta a Portugal".
"Enquanto estivermos aqui, o CDS não acabou. Enquanto acreditarmos, e eu acredito, o CDS não acabou. Enquanto tivermos autarcas, presidentes de câmara, vereadores, membros em assembleias de freguesia, membros em governos regionais, um eurodeputado, o CDS não acabou. Enquanto não perdermos a capacidade de lutar por aquilo em que acreditamos e achamos melhor para o nosso país, o CDS não acabou", salientou.
E é precisamente esse o lema da sua candidatura: "O CDS faz falta a Portugal" e "Tempo de construir".
O eurodeputado considerou que a ausência do CDS no parlamento na próxima legislatura “fará toda a diferença”, e argumentou que o eleitor que costuma votar CDS mas não o fez nestas eleições legislativas, foi por "motivos que foram manifestamente conjunturais, nunca quis o CDS fora do parlamento".
Segundo o eurodeputado, estes eleitores "não se sentem representados quando veem esse seu voto sentado entre o PS e o PSD", numa referência ao pedido da Iniciativa Liberal para na próxima legislatura ficar mais ao centro no hemiciclo.
"Há todo esse espaço político entre o PSD e o Chega que hoje não está na Assembleia da República. Esse espaço é nosso e nós temos de lá voltar", salientou o anunciado candidato.
Nuno Melo considerou que a repetição da eleição no círculo da Europa pode ser a oportunidade para o CDS continuar a ter representação parlamentar e considerou que eleger um deputado seria "extraordinário para o CDS".
Indicando ter "otimismo realista", o dirigente centrista considerou que "em tese é possível" e destacou a "grande qualidade dos candidatos" centristas, nomeadamente da cabeça de lista pelo círculo da Europa, Francisca Sampaio.
Defendendo que "o CDS é um património da democracia e em democracia não há resultados definitivos", o eurodeputado garantiu que irá trabalhar porque "é tempo de arregaçar as mangas" e mostrou-se convicto de que "vão ser os portugueses a querer devolver" o partido ao parlamento.
O salão da sede do CDS estava cheio para ouvir Nuno Melo, e marcaram presença na apresentação, entre outros, figuras do partido como o ainda líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, o antigo presidente do Congresso Luís Queiró, os antigos deputados Nuno Magalhães, João Gonçalves Pereira e Pedro Morais Soares, o vereador na Câmara de Lisboa Diogo Moura, o antigo secretário de Estado Paulo Núncio e o líder da Juventude Popular, Francisco Camacho.
O 29.º Congresso do CDS está marcado para 02 e 03 de abril, em local ainda a definir. Os centristas vão eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se, na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de janeiro.
Até agora, Nuno Melo é o único candidato anunciado à liderança do partido.
O CDS-PP obteve 1,6% dos votos nas legislativas e, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.