Numa entrevista à BBC, transmitida na sexta-feira à noite, Nigel Farage estabeleceu uma ligação entre a expansão da NATO e da União Europeia para leste, nas últimas décadas, e a invasão russa na Ucrânia.
Afirmando que avisou sobre uma potencial guerra na Ucrânia em 2014, quando era membro do Parlamento Europeu, Farage disse: Nós provocámos esta guerra”, não sendo claro se o seu aviso foi feito antes ou depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia à Ucrânia, em fevereiro de 2014, refere a agência de notícias Associated Press (AP).
“Para mim, era óbvio que a expansão cada vez maior da NATO e da União Europeia estava a dar a este homem [Vladimir Putin] uma razão para que o seu povo russo dissesse: `Estão a vir atrás de nós outra vez´ e entrasse em guerra”, disse Farage, acrescentando: “É claro que a culpa é dele – ele usou o que nós fizemos como desculpa”.
Os críticos de Farage de todo o espetro político criticaram a sua declaração, com muitos a descrevê-lo como um apologista de Vladimir Putin.
O primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, disse que era “completamente errado” dizer que o Ocidente provocou Putin para lançar uma invasão total da Ucrânia em fevereiro de 2022.
“Este é um homem que colocou agentes neurotóxicos nas ruas do Reino Unido e que está a fazer acordos com países como a Coreia do Norte, e este tipo de argumento é perigoso para a segurança nacional e para a segurança dos nossos aliados, e encoraja Putin ainda mais”, avisou Rishi Sunak.
O ex-ministro da Defesa do Partido Conservador, Ben Wallace, afirmou que Farage é “como um chato de bar” que “não compreende a realidade da política”.
Na entrevista ao programa Panorama, o ex-líder do Partido Brexit reafirmou comentários anteriores em que disse que não gosta de Putin “como pessoa”, mas admira-o “como operador político”.
Muitos conservadores, incluindo Sunak, têm-se abstido de criticar Farage, que, embora não seja um legislador no Parlamento do Reino Unido, foi extremamente influente na votação do Reino Unido para deixar a UE em 2016.
A preocupação de muitos conservadores é que atacá-lo demasiado afaste ainda mais muitos eleitores conservadores, que simpatizam com a sua retórica dura em questões como a imigração e o Brexit, escreve a AP.
Lusa