“Estamos a realizar exercícios desta magnitude no mar pela primeira vez em três décadas”, disse Putin numa mensagem de vídeo aos participantes no exercício.
O Presidente russo destacou que hoje teve início a fase ativa das manobras, durante a qual os militares irão realizar missões “o mais semelhantes possíveis às missões de combate” com recurso a armas de alta precisão.
“A Rússia deve estar preparada para qualquer evolução da situação. As nossas forças armadas garantem uma defesa fiável da soberania e dos interesses nacionais da Rússia. [A Rússia] deve repelir qualquer possível agressão militar em qualquer direção”, afirmou.
Putin, que mencionou os Estados Unidos por cinco vezes num discurso que durou apenas cinco minutos, acusou aquele país de querer manter a sua hegemonia global, tanto militar como política, “a qualquer preço”.
“Para este fim, utilizando a Ucrânia, procura infligir uma derrota estratégica ao nosso país”, disse.
O chefe de Estado russo especificou que a marinha e a aviação chinesas participam nos exercícios navais com quatro navios – três navios de guerra e um navio de abastecimento – e 15 aeronaves.
“Os Estados Unidos e os seus satélites estão a aumentar a sua presença militar perto das fronteiras ocidentais da Rússia, no Ártico e na região Ásia- Pacífico”, garantiu.
Em relação a esta última região, Putin acusou Washington de “alterar o equilíbrio de forças”, planear a implantação de mísseis de curto e médio alcance e, com isso, provocar, “praticamente, uma corrida ao armamento ignorando a segurança dos seus aliados europeus e asiáticos”.
Os exercícios realizados com a China centram-se na “defesa das rotas marítimas e zonas de atividade económica marítima”, explicou o ministério russo na rede social Telegram.
Os navios estão no Golfo de Pedro, o Grande, perto de Vladivostok, no extremo oriente da Rússia, segundo Moscovo.
A China anunciou, na segunda-feira, exercícios navais e aéreos conjuntos com a Rússia este mês em torno do Mar do Japão, conhecido como “Mar do Leste” na Coreia do Norte e do Sul, e no Mar de Okhotsk.
Os laços entre Moscovo e Pequim aprofundaram-se desde o início da ofensiva da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022, que a China nunca condenou.
Estas manobras decorrem no âmbito dos exercícios navais ‘Okean-2024’, organizado pela Rússia até 16 de setembro nos oceanos Pacífico e Atlântico, bem como nos mares Mediterrâneo, Cáspio e Báltico, anunciou o Ministério da Defesa russo.
No total, 400 navios russos, 120 aviões e helicópteros e 90 mil pessoas estão mobilizados para o “Okean-2024”, um dos exercícios “mais importantes” do ano, segundo o ministério russo.
O ‘Okean-2024’ deverá permitir testar a “preparação” das tropas, “utilizar armas de alta precisão” e alargar a “cooperação com as marinhas dos países parceiros”, segundo esta mesma fonte.
A crescente influência económica e militar da China na região Ásia-Pacífico e as suas exigências preocupam os Estados Unidos e os seus aliados.
O Japão, pacifista durante décadas, aumentou os seus gastos com defesa, equipando-se com capacidades de “contra-ataque” e flexibilizando as regras sobre a exportação de armas.