Falando em Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda, depois de visitar um criador de gado ovino e bovino e de ter participado num encontro com agricultores, no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”, Luís Montenegro reagiu às declarações de Augusto Santos Silva no novo ‘podcast’ do Grupo Parlamentar do PS em que este sugeriu haver uma cumplicidade do PSD com o Chega.
Para o presidente do PSD, Santos Silva está “a regressar à sua condição de inveterado socialista e a olhar-se ao espelho, porque ele é, objetivamente, o maior apoio político, o maior cúmplice político do Chega, com todos os episódios que vai acumulando no parlamento para precisamente enaltecer o papel do Chega”.
O presidente do parlamento e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros “decidiu regressar àquela versão mais de ‘malhar’ nos outros", acusou. "É aquilo que, basicamente, querem dizer as duas declarações. Eu registo”, acrescentou.
O líder social-democrata não poupou nas palavras, chegando a sugerir que Santos Silva "está a tentar conquistar um espaço dentro da esquerda portuguesa para poder, dessa forma, ter um trampolim para uma outra aventura política", numa alusão a uma candidatura às presidenciais de 2026.
“Aquilo que eu posso dizer e registar é que o doutor Santos Silva quer ‘virar o bico ao prego’. O cúmplice do Chega, neste país, é o PS e é o doutor Santos Silva em particular”, insistiu.
Luís Montenegro procurou, por outro lado, contornar a questão de um possível futuro entendimento entre o PSD e o Chega e do repto lançado pelo líder daquela partido, André Ventura, para um acordo que possibilite retirar o PS do Governo.
“O PSD é a alternativa de Governo ao Partido Socialista e não se vai desfocar desse objetivo. Eu estou aqui para ser primeiro-ministro. E estou aqui para ganhar eleitores ao Chega, à Iniciativa Liberal, ao PS. Ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda não tenho tantas esperanças. Confesso, sou mais realista nesse campo”, disse.
O líder social-democrata considerou ainda que a questão dos entendimentos entre o PSD e o Chega só interessa aos socialistas e ao primeiro-ministro.
“Estou aqui para ser alternativa ao PS. Não estou aqui para me distrair com as conversas que interessam ao PS, ao doutor Santos Silva, ao doutor António Costa e a todas aqueles acólitos que hoje acompanham estas duas figuras, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República, no PS”, frisou.
No "podcast" do Grupo Parlamentar do PS, que foi hoje para o ar, Augusto Santos Silva rejeita estar a beneficiar o Chega quando trava debates direitos com aquele partido e acusa o PSD de ser cúmplice de André Ventura.
“Quem critica, quem combate, quem trava, é cúmplice? Então, o que se chamará a quem não critica, não combate, nem trava e até diz que está disponível para acordos? Se os primeiros são cúmplices, o que devemos chamar aos segundos?”, questionou Santos Silva, numa alusão à atual direção do PSD.
Lusa