O relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) "Education at a Glance 2022" traça o retrato dos sistemas de educação e de ensino superior em 36 países.
Numa sessão de apresentação pelo chefe da Divisão de Assessoria e Implementação de Políticas da Direção da Educação e Competências da OCDE, Paulo Santiago, que decorreu hoje na Universidade de Lisboa, o ministro João Costa considerou que o relatório reflete a evolução de Portugal.
“Quando temos estes momentos de balanço, também temos de ter momentos em que trabalhamos para a nossa autoestima coletiva, ao ver que há um percurso continuado e sistemático em Portugal de que nos devemos orgulhar”, disse o responsável no encerramento da sessão.
Para justificar, João Costa citou alguns dos dados revelados pela OCDE, como o facto de 93% das crianças entre os três e os seis anos frequentarem o pré-escolar e a redução das baixas qualificações da população ativa.
Outro indicador que considerou positivo foi a média da idade de conclusão do ensino secundário, que é inferior à média da OCDE.
“Embora o ensino secundário persista como o período em que as taxas de sucesso escolar são mais baixas, estamos a conseguir caminhar no sentido de uma melhoria reconhecida, continuada e sustentada”, referiu.
O ministro da Educação sublinhou também a importância de relatórios como o “Education at a Glance” na tomada de melhores decisões políticas, dando como outro exemplo o impacto no Plano Nacional de Leitura, depois de o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês) ter revelado os maus resultados dos alunos portugueses em termos da literacia de leitura.
“Sem dados, temos só opiniões e quando apenas achamos, aquilo que deixamos é crescer perspetivas, por vezes, demagógicas, desinformadas que impedem a boa decisão. Estes contributos sucessivos que vamos recebendo da OCDE e de outras organizações internacionais são absolutamente cruciais para nos apoiarem na decisão”, sublinhou.
Este ano, o “Education at a Glance” destacou também o ensino superior e, nesse âmbito, também o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira, destacou a “evolução muito positiva nos últimos 20 anos”, recordando que, no ano letivo passado, as universidades e politécnicos portugueses tiveram 433.217 estudantes inscritos, o valor mais elevado de sempre.
Ainda assim, Pedro Teixeira manifestou preocupação com alguns indicadores, como o facto de apenas 38% dos estudantes em licenciaturas concluir o curso no tempo esperado.
“Não podemos celebrar em setembro termos muitos estudantes no ensino superior e depois daqui a três ou quatro meses apercebermo-nos que muitos desses estudantes ou não se matricularam ou matricularam-se mas o seu desempenho fica aquém do que desejaríamos”, sublinhou o governante, revelando que o Governo está a preparar um programa de prevenção do insucesso e abandono escolar, dirigido sobretudo aos estudantes do 1.º ano.
João Costa defendeu a necessidade de reforçar o financiamento do ensino superior, mas assumiu também a responsabilidade de “mostrar que estamos a ir mais além e que estamos a fazer melhor do ponto de vista da qualidade, da relevância e da capacidade de inovação do sistema”.
A propósito do ensino superior, o ministro deixou também uma palavra aos dirigentes e reitores que assistiam à sessão, apelando para que promovam os cursos na área da Educação e procurem atrair mais estudantes.
“Com o sentido de urgência que existe hoje em Portugal, não é aceitável que haja instituições de ensino superior que estão a deixar de fora candidatos a mestrados em ensino como está a acontecer, em particular, numa das regiões mais afetadas (Lisboa), acrescentou.