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Política
25 abr, 2025, 22:07
Miguel Silva Gouveia descarta candidatura à câmara do Funchal
O ex-autarca e atual vereador da câmara do Funchal, eleito pela coligação 'Confiança', pretende fazer uma pausa na vida pública e dedicar mais tempo à família. Miguel Silva Gouveia deixa ainda críticas à atual liderança regional do PS.
“Depois de uma reflexão consciente e responsável, ponderando fatores pessoais, políticos e institucionais, tomei a decisão de não me recandidatar à presidência da Câmara Municipal do Funchal nas próximas eleições autárquicas. Ao longo de 12 anos de dedicação à causa pública no Funchal, tive o privilégio de servir a cidade como vereador, vice-presidente e presidente da Câmara Municipal. Fi-lo sempre com sentido de responsabilidade, compromisso ético e proximidade com os cidadãos. Acredito que deixei um legado assente na modernização dos serviços, na transparência da governação, na sustentabilidade urbana, na justiça social e na defesa intransigente do interesse público. A política é também feita de ciclos, e este ciclo autárquico chegou, para mim, ao seu fim. Não o faço por falta de amor ao Funchal ou por ausência de ideias para o futuro. Faço-o porque entendo que a dedicação à causa pública exige equilíbrio, lucidez e disponibilidade total, e hoje, com todo o sentido de responsabilidade, sinto que é tempo de dedicar atenção à dimensão pessoal e familiar, fazendo um interregno na minha vida pública. A exigência do exercício autárquico – ainda mais quando enfrentamos um ambiente institucional hostil e politicamente contaminado – cobra um preço demasiado elevado a quem não está disposto a abdicar dos seus princípios. Por outro lado, a atual conjuntura política também é clara: o Partido Socialista perdeu o espaço de alternativa no Funchal e na Madeira, e não apresenta hoje, infelizmente, a capacidade de liderar um projeto mobilizador. Em consciência, não me revejo nas atuais lideranças regionais e defendo que, após a pesada derrota nas últimas eleições, seria necessária uma renovação política que ainda não aconteceu. E, sem laços de confiança recíproca, dificilmente se constrói um caminho de sucesso. Por isso, darei, no panorama autárquico, esse exemplo de maturidade política abrindo espaço ao partido para encontrar novas formas de participação, novas linguagens e novos protagonistas, alinhados com a sua atual estratégia. Apesar disso, continuo a acreditar na importância da participação política, no envolvimento cívico na edificação democrática e na necessidade de criar alternativas credíveis ao poder instalado, que há demasiado tempo domina a Região Autónoma da Madeira sem verdadeira alternância democrática. Continuarei empenhado em contribuir para que esse desígnio seja, em breve, uma realidade. Sairei no final deste mandato com a tranquilidade de quem deu o melhor de si à sua cidade, com a consciência limpa e com a certeza de que sempre procurei fazer política com dignidade, verdade e dedicação. A todas e todos os que me abordaram nos últimos meses, com palavras de incentivo e carinho, para avançar com uma nova candidatura, deixo o meu sentido agradecimento. A Confiança que depositaram em mim é um bem precioso que levarei sempre comigo. Uma palavra final de gratidão e de amizade para com todos aqueles que comigo partilharam o seu percurso político, em especial para a equipa da Confiança, que mostrou como se honra o cumprimento de um mandato, dando um exemplo de coesão e estabilidade em tempos difíceis. O meu compromisso com o Funchal não termina aqui. Apenas encerro um ciclo com a mesma honestidade com que o iniciei. E Viva a Liberdade”, pode ler-se na declaração pública através da rede social facebook.