O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, reafirmou hoje que a região autónoma está disponível para receber refugiados "de braços abertos" e manifestou-se "chocado" com "comentários xenófobos" divulgados por madeirenses na internet.
"Não é admissível, minhas senhoras e meus senhores, que uma região como a Madeira, com uma tradição de decénios e decénios de emigração, tenha qualquer hesitação relativamente àquela que é uma obrigação de humanidade essencial", declarou o chefe do executivo, durante a sessão solene do 514.º aniversário do concelho da Ponta do Sol, na zona oeste da ilha.
Miguel Albuquerque classificou alguns comentários divulgados nas redes sociais sobre a disponibilidade de o Governo acolher refugiados como "xenófobos, maldosos, egoístas e imbecis", lembrando que os pais, os avós e os bisavós de muitos madeirenses emigraram para ter melhores condições de vida nos outros países.
"É uma obrigação de humanidade essencial acolher outros seres humanos que, neste momento, vivem situações terríveis de guerra, de degradação das suas condições de vida, de fome, de desespero", vincou o governante, considerando que, sendo a população da União Europeia de 500 milhões de habitantes, não haverá qualquer problema em receber um milhão de pessoas.
"Nós temos de praticar a solidariedade", disse Miguel Albuquerque, no decurso de uma longa cerimónia, na freguesia da Madalena do Mar e foi presidida pelo representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, e onde o presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Rui Marques, discursou durante cerca de uma hora. Por outro lado, os deputados municipais do PS ausentaram-se no período de discursos, por não lhes ter sido permitido usar da palavra na sessão.
Miguel Albuquerque salientou que, em relação ao acolhimento de refugiados, não está em causa o desemprego na região autónoma nem a repartição dos subsídios de apoio social.
"A questão que aqui está é uma questão de valores. Se perdermos, enquanto pessoas, os valores que nos distinguem dos restantes animais, os valores da humanidade, tudo está perdido", declarou, sublinhando que os madeirenses não têm qualquer desculpa se não acolherem os refugiados de forma "civilizada e solidária".
O presidente do Governo disse que aguardará a decisão ao nível da União Europeia e do país sobre a situação dos refugiados, reforçando que a Madeira continua disposta a receber, "de braços abertos", outros seres humanos que, neste momento, "têm a necessidade imperativa de ser acolhidos na nossa civilização".