O esclarecimento surge na sequência da divulgação do relatório "Education at a Glance 2021", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que "apresenta uma imprecisão" no número de dias de ensino à distância atribuídos ao ensino secundário em Portugal, alerta o gabinete do ministério da Educação.
No relatório, não é feita qualquer distinção entre os alunos do 10.º ano a e os do 11.º e 12.º, que retomaram o ensino presencial mais cedo do que todos os restantes.
No primeiro confinamento, no ano letivo de 2019/20, os alunos dos 11.º e 12.º anos regressaram ao ensino presencial a 19 de maio de 2020 e por isso tiveram apenas 78 dias de aulas. Já no caso dos estudantes do 10.º ano foram 92 dias de ensino à distância.
Os alunos do ensino secundário em Portugal tiveram menos aulas à distância do que a média dos estudantes da OCDE devido à pandemia de covid-19, que foi de 101 dias para o ensino secundário.
As contas foram feitas excluindo feriados e fins de semana e em Portugal houve uma extensão de várias semanas do calendário escolar nos dois anos letivos para permitir a compensação dos dias de ensino à distância.
"Esta extensão dos calendários escolares, promovida por alteração dos respetivos despachos depois de cada um dos confinamentos, não foi prática comum em muitos outros países da OCDE. Este importante facto não é considerado na análise feita pela OCDE", sublinha a tutela.
O relatório "Education at a Glance 2021", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que na edição deste ano analisa o impacto da covid-19 na educação dos 37 países da OCDE.
Em Portugal, o encerramento das escolas começou em meados de março de 2020, poucos dias depois de ter sido conhecido o primeiro caso positivo de infeção no norte do país.
Ainda no final desse mesmo ano letivo, os estudantes do 11.º e 12.º anos foram os únicos a regressar às suas salas de aula para se poderem preparar para os exames nacionais. Feitas as contas, estes alunos tiveram nas escolas menos 23 dias encerradas do que a média da OCDE.
O objetivo de fechar as escolas era controlar a transmissão do vírus e os números mostram que os dias de encerramento aumentaram conforme se avança no nível de educação.
Isto porque já em 2021, pouco depois das férias do Natal, os alunos voltaram a ficar em casa e o seu regresso foi feito de forma faseada: primeiro foi a vez ??????das crianças das creches e do 1.º ciclo, a 15 de março, e só depois os alunos do 2.º e 3.º ciclo, a 5 de abril. Os alunos do secundário foram os últimos a reencontrar os colegas dentro das escolas.
Para compensar os dias sem aulas e as fragilidades do ensino à distância, o Ministério da Educação decidiu prolongar o fim do ano letivo.
O relatório da OCDE aponta os alunos portugueses do 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º ano) como aqueles que ficaram mais tempo sem entrar na escola: 97 dias. Foram mais cinco dias do que a média dos países da OCDE.
Entre 1 de janeiro de 2020 e 20 de maio de 2021, as pré-primárias estiveram totalmente encerradas durante 69 dias, enquanto as escolas do 1.º e 2.º ciclo mantiveram-se fechadas durante 87 dias.
As famílias portuguesas tiveram as crianças do pré-escolar mais seis dias em casa e os alunos até ao 6.º ano mais nove dias do que a média da OCDE.
Apesar de a grande maioria dos alunos permanecerem em casa, com aulas ‘online’, o Ministério decidiu manter alguns estabelecimentos de ensino abertos.
Começaram por receber os filhos de profissionais considerados essenciais no combate à pandemia e garantir refeições aos alunos mais carenciados, mas, numa segunda fase, passaram também a receber os alunos de risco.
Quando começou o primeiro confinamento uma elevada percentagem de alunos não tinha equipamentos para se ligar à escola e Portugal surge agora no relatório como um dos 22 países que distribuiu computadores pelos estudantes e entre os 29 países que lançou medidas para incentivar os alunos desfavorecidos ou vulneráveis a regressar à escola.