Numa conferência de imprensa no parlamento, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou que a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, foi um “ato inédito na democracia portuguesa”, com uso desproporcional de meios e não foi “determinada pela hierarquia das próprias forças policiais”.
“Uma operação que se destina a um alvo particular, que é a população migrante que vive na zona do Martim Moniz. Tenhamos isto claro, um Governo que mobiliza politicamente forças de segurança para atacar indiscriminadamente um alvo como a população migrante é um governo perigoso”, atirou Mortágua.
Mortágua disse que o Governo mobilizou as forças de segurança para fazer propaganda, acrescentando que em democracia “não se montam encenações para ganhar votos”, nem se faz “uso autoritário e indiscriminado das forças de segurança”.
A líder do Bloco anunciou que o partido vai chamar a ministra da Administração Interna Margarida Blasco e o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) Luís Carrilho ao parlamento para que possam explica o que dizem ser “uma ação injustificada e inédita na democracia portuguesa”.
Mortágua sublinhou ainda que a “responsabilidade desta ação é do primeiro-ministro”, acrescentando que este não foi um “ato digno da democracia e do Estado de direito”.
O pedido dos bloquistas para ouvir Margarida Blasco e Luís Carrilho junta-se ao do PS, que pediu no debate em plenário esta manhã a audição da ministra da Administração Interna e do diretor nacional da PSP.
Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
Sobre a operação, o primeiro-ministro considerou que foi “muito importante” para criar “visibilidade e proximidade” no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.
A porta-voz do Cometlis, Ana Raquel Ricardo, explicou que uma “operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas” que por ali circulem.
Lusa