“É evidente que estes são tempos difíceis, que a inflação continua a subir – e está a subir com um atraso um mês, dois meses em relação à subida espanhola – o que quer dizer que enquanto durar a guerra provavelmente teremos um conjunto de consequências que temos de enfrentar”, disse aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa à margem do EurAfrican Forum 2022, que terminou hoje em Carcavelos, Lisboa.
O Presidente da República pediu por isso “vontade política, determinação e resistência” para responder a estes desafios, mas sempre “com realismo, não negando que é um momento difícil”.
“É um período que exige resistência, capacidade de decisão e decisão rápida se for necessário”, apelou, tendo ao seu lado o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, com quem disse concordar em relação aos “pés no chão quanto à situação de crise que se vive por causa da guerra e às suas consequências”.
Antes destas declarações aos jornalistas, precisamente no painel do fórum que partilhou com o presidente de Cabo Verde, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha defendido é preciso “ter a noção exata” que o momento que se está a viver “é muito sensível”.
“O presidente José Maria Neves contou a sua experiência. Eu podia contar a experiência dos números de hoje darem a continuação da subida da inflação. Com uma décalage em relação à subida espanhola, um mês, dois meses, mas a subida”, alertou.
Para o chefe de Estado, isto significa que “os efeitos estão aí” e “não sendo uma guerra de fim previsível, isso significa que os efeitos, nos próximos tempos, provavelmente se agravarão, não se desagravarão”.
“Agora nós imaginamos, se isto é assim na Europa, que tem protetores relativos, tem almofadas de proteção relativas, o que não será em África”, afirmou.
A taxa de inflação em julho ultrapassou os 9%, tendo atingido o valor mais elevado desde novembro de 1992, avançou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua estimativa rápida.