Vindos de Braga, onde decorrem as comemorações institucionais do 10 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa chegam a Londres a meio da tarde e têm logo a seguir uma receção com representantes das comunidades portuguesas para assinalar o Dia de Portugal.
No que respeita às razões da escolha do Reino Unido para as celebrações externas do 10 de Junho, o chefe de Estado referiu recentemente que o modelo de comemorações do Dia de Portugal junto de comunidades emigrantes "começou em Paris, em 2016", no primeiro ano do seu mandato, "tem rodado pelos continentes" desde então e "era agora altura de voltar à Europa".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "também pesou" na decisão o Reino Unido ser agora "um país que não é União Europeia" e onde vivem "comunidades muito diferentes" de emigrantes portugueses: "Uma comunidade mais velha, mais antiga, hoje menos numerosa"; e outra "muito nova", composta por "estudantes, doutorandos, professores, investigadores, cientistas e outros profissionais".
Esta heterogeneidade da comunidade portuguesa residente no Reino Unido foi também salientada à agência Lusa pelo deputado socialista Paulo Pisco, eleito pelo círculo da Europa.
De acordo com Paulo Pisco, em consequência do “Brexit”, pediriam autorizações de residência no Reino Unido cerca de 420 mil pessoas, dos quais uma parte desempenha trabalhos “tradicionais” nos ramos da hotelaria, restauração ou agroindústria, e outra parte é composta por um número significativo de investigadores e jovens quadros.
“Houve um crescimento rápido da comunidade portuguesa sobretudo no período de assistência financeira internacional, com a troika, mas após o Brexit assistiu-se a uma estagnação”, apontou.
Paulo Pisco reconheceu a manutenção de alguns problemas no atendimento consular em Londres, mas não em Manchester. Destacou, no entanto, “o grande investimento que foi feito pelos governos de António Costa no aumento do número de funcionários, na ampliação das instalações consulares ou na modernização do equipamento informático”.
“Mas é preciso assinalar que metade dos cidadãos atendidos tem origem na Índia, Paquistão ou Brasil, o que dificulta o planeamento por parte dos nossos serviços consulares”, acrescentou.
No sábado, o Presidente da República e o primeiro-ministro começam a manhã no Escola Anglo-Portuguesa de Londres, seguindo depois para o Royal Brompton & Harefield Hospital.
Na parte da tarde, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa visita o Imperial College – último ponto do programa oficial até agora definido. No domingo, pelas 12:00, o Presidente da República parte para Andorra.
As celebrações do Dia de Portugal no ano passado decorreram na Região Autónoma da Madeira, com um programa intenso, durante três dias, que terminou com a cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho na cidade do Funchal.
Inicialmente, esteve previsto prosseguirem em Bruxelas, junto dos portugueses residentes na Bélgica, coincidindo com o final da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, mas esse programa no estrangeiro acabou por ser cancelado devido à situação sanitária local.
Em 2020, face à evolução da pandemia da covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa cancelou as comemorações do 10 de Junho que estavam previstas para a Madeira e para a África do Sul e optou por assinalar a data com uma "cerimónia simbólica" no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, apenas com os dois oradores e seis convidados.
Quando assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa lançou, em articulação com o primeiro-ministro, António Costa, e com a participação de ambos, um modelo inédito de duplas comemorações do 10 de Junho, primeiro em Portugal e depois junto de comunidades portuguesas no estrangeiro.
Em 2016 decorreram entre Lisboa e Paris, em 2017 entre o Porto e o Brasil, em 2018 entre os Açores e os Estados Unidos da América e em 2019 entre Portalegre e Cabo Verde.