“Não somos anti-vacinação, não temos nada contra as vacinas, temos todos as vacinas do Plano Nacional de Saúde, mas isto não é uma vacina, é uma experiência”, disse à agência Lusa Ana Desirat, porta-voz do Grupo Santo António de Lisboa, criado há cerca de três meses no Facebook para contestar a decisão de não realização das marchas populares na capital.
Nas grades de segurança colocadas nas escadarias da Assembleia da República foram penduradas, cerca das 11:00, as primeiras faixas com palavras de ordem como “Criminosos! Corruptos !!! Tribunal com eles”, “Passaporte sanitário ilegal! Respeitem a Constituição!!!”, “Vacina Experimental Não. Aprovada Obrigatória” e “Criminosos, Assassinos”.
No passeio em frente, foi instalada uma tenda e, de acordo com a organização da iniciativa, até ao dia 25 estará sempre alguém no local.
Os manifestantes afirmam que pretendem “informar a população”, que dizem viver há quase dois anos “sob o terror da comunicação social", que acusam de abrir e fechar noticiários com o tema covid-19, sem apresentar posições contraditórias às orientações do governo.
“A comunicação social está comprada pelo governo, só aparecem nas televisões os especialistas que sustentam as decisões do governo, por que não ouvir outros médicos para as pessoas poderem decidir em consciência?”, questionou Ana Desirat, considerando que "a população está a ser manipulada”.
Para os manifestantes, o certificado digital de vacinação é “nada mais, nada menos do que uma imposição de um estado totalitário, que divide os cidadãos entre vacinados e não vacinados”.
“Ainda para mais, começam a surgir as primeiras informações de que a injeção não protege absolutamente de nada, as pessoas podem contrair o vírus da mesma forma”, defendeu, rejeitando a classificação de negacionista.
“É uma ditadura mundial, os povos têm de lutar”, declarou.
Entre os manifestantes comentava-se o alcance das manifestações em França e no Reino Unido contra as medidas de controlo da pandemia decretadas pelos governos, que juntaram milhares de pessoas.
Em São Bento, muitos escusaram-se a prestar declarações, como foi o caso de uma mulher que ostentava ao peito uma estrela amarela, com a inscrição “Não vacinado”.
“Algumas pessoas associam isto a um holocausto mais sofisticado”, admitiu Ana Desirat, que, segundo contou à Lusa, iniciou “a luta” sozinha junto ao Palácio de Belém.
Não se vacinou contra a covid-19, à semelhança das pessoas que a acompanham. “Andamos todos juntos, beijamo-nos e ainda ninguém teve nada”. Teve, no entanto, de cuidar de três familiares, que “alegadamente ficaram contagiados com covid”, mas fê-lo sem máscara.
Ao Grupo Santo António de Lisboa, juntaram-se outros elementos, com camisolas pretas, sob um toldo também preto, que ao serem abordados pela Lusa disseram apenas: “Nós não prestamos declarações”.
O protesto continuava sem máscaras e sem distanciamento de segurança, sob a vigilância da PSP, ao início da tarde.