Usando lenços tradicionais daquele povo e exibindo cartazes, os manifestantes pró Palestina faziam-se ouvir gritando palavras de ordem contra o “estado genocida” de Israel, mas também contra os países que “tentam branquear os crimes cometidos” e contra o posicionamento da União Europeia.
Exigiram o “fim do genocídio e uma Palestina livre e independente” e questionaram “para quando? O que é preciso mais?” para “parar” Israel.
“A Palestina não está esquecida, nós continuamos a fazer vigílias todas as noites no Porto, continuamos a vir para a rua, continuamos a ir a todas as manifestações pelo povo da Palestina para lembrar que ainda não é livre e que o genocídio ainda não acabou. Não vamos esquecer o povo da Palestina até que os governos deste mundo decidam abrir os olhos e acabar com o genocídio”, disse à Lusa Catarina Barbosa, que integra o coletivo pela libertação da Palestina.
Catarina Barbosa sublinhou que é “um genocídio que na realidade já tem 76 anos e que nos últimos meses cada vez fica pior e não é só em Gaza, toda a Cisjordânia tem cada vez mais agressões para com os palestinianos, tem cada vez mais ocupação e mais colonatos, a agressão é em todo o lado apesar das notícias apenas falarem de Gaza, que é onde o genocídio é monstruoso”.
“Os poderosos deste mundo têm de deixar de pensar no capital e no dinheiro que têm de fazer com as armas e com a morte de pessoas para pensar na humanidade e naquilo que são os direitos humanos” disse Catarina Barbosa, considerando que “tanto o estado português e, principalmente, a União Europeu e os EUA têm de parar de pensar no lucro e passar a querer saber daquilo que é a humanidade e as pessoas, porque somos todos iguais”.
Catarina Barbosa congratulou-se ainda com a “grande adesão dos jovens a esta causa”, mas lamentou “a pouca participação da geração dos seus pais”.
José António Gomes, da direção nacional do Movimento pela Defesa dos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, lamentou que “o Governo português, ao arrepio dos princípios constitucionais, mantenha a cooperação militar com Israel, assim como as universidades”.
“Esta cooperação afigura-se ainda mais chocante e condenável à luz da decisão de 24 de maio do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), ordenando que Israel cesse imediatamente a ofensiva militar e outras ações na zona de Rafah e exigindo a manutenção da passagem de Rafah aberta para assistência humanitária e a garantia de acesso sem entraves a investigações de genocídio”, considerou.
O dirigente do movimento pró Palestina afirmou que a decisão do TIJ é “vinculativa” e que Portugal, como estado membro das Nações Unidas, tem a responsabilidade de se posicionar de “forma clara em relação a esta questão, devendo desde já encarar as medidas a tomar em relação a Israel, caso este país se recuse a cumprir a decisão do TIJ”.
“É tempo de Portugal, seguir o exemplo da Noruega, Espanha e Irlanda – e de 143 outros países membros da ONU, entre os quais 18 europeus -, reconhecer formalmente o Estado da Palestina” acrescentou José António Gomes.
Lusa